O sucesso de um militar da aeronáutica com as mulheres deu origem ao doce que, hoje, é indispensável em festas de aniversário
"Vote no brigadeiro, que é bonito e solteiro.” Realmente, a fama do aviador e político
Eduardo Gomes (1896-1981) era de galã. Mas sua popularidade vinha também de ser bom de briga. Participou de rebeliões tenentistas, como a Revolta do Forte de Copacabana (1922) e a Revolta Paulista (1924), chegando a ser preso quando estava em vias de se juntar à lendária Coluna Prestes.
Participaria até, 40 anos depois, das ações que vieram a depor João Goulart. Mas o pedido de voto acima é de 1945, época em que, promovido a brigadeiro com a criação do Ministério da Aeronáutica, Gomes entusiasmou-se com a própria notoriedade e se candidatou à presidência da República. Na época, suas apoiadoras decidiram organizar festas para angariar fundos para a campanha presidencial.
E foi então que surgiu a ideia de criar um doce novo para esses eventos, uma guloseima que se tornasse uma marca da ascensão do militar ao cargo mais importante do Brasil. Os tempos eram de pós-guerra, e o país passava por escassez de produtos essenciais.
Para doces, leite fresco fazia falta. Então veio a ideia de usar um substituto extremamente popular no período: o leite condensado, uma invenção para esterilizar a pré-refrigeração do leite. A Nestlé havia passado a comercializar o produto no Brasil justamente naquela década de 1940, assim como outra delícia que logo virou um hit entre as sobremesas locais: o chocolate em pó.
Foi Heloísa Nabuco de Oliveira, proveniente de uma tradicional família carioca, que apoiava Eduardo Gomes, quem juntou os ingredientes, mais manteiga e açúcar, e encheu os eventos da campanha do aviador (hoje patrono da Força Aérea Brasileira) com o quitute, conhecido na época como o “doce do brigadeiro”.
A delícia logo teve o nome encurtado e se tornou presença obrigatória em qualquer Parabéns a Você, conquistando de vez o Brasil. Um sucesso que não se estendeu ao brigadeiro-homem: Gomes perdeu a eleição para Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra de Getúlio Vargas.