A expressão acima é usada diante de desconfianças de uma atitude que só vai ficar no imaginário
A expressão vem de uma época em que a Inglaterra era a maior potência mundial e o Brasil, um dos dependentes desse poder. Em 1831, cedendo à pressão inglesa, o país promulgou uma lei que proibia o tráfico de escravos.
Como o contrabando continuava e era realizado por pessoas influentes, como os ricos proprietários de terra, acostumou-se a dizer que a lei havia sido feita só para agradar os ingleses.
“Depois de lucrar com o tráfico de escravos por séculos, aos ingleses interessava criar um mercado consumidor para seus produtos. No Brasil a renda estava concentrada em uma pequena elite”, diz a historiadora Mary Del Priore.
Também queriam defender os interesses de suas colônias nas Antilhas, que produziam um açúcar muito caro, se comparado ao brasileiro. “A economia brasileira era baseada em grandes plantações de açúcar e a escravidão tornava o produto brasileiro muito mais barato.”
Dom Pedro II não queria contrariar os ingleses. Nem os grandes fazendeiros. Por isso, pensou em resolver o problema aos poucos. Só em 1871, 40 anos depois da primeira lei, adotou a Lei do Ventre Livre, pela qual os filhos de escravos nasceriam livres. Em 1885, foi dada a alforria aos que tinham mais de 65 anos.
Três anos depois, o Brasil libertou os 700 mil escravos que ainda restavam, número que equivalia a mais de 10% da população brasileira.
Em 1888, portanto, três séculos e meio depois de o primeiro africano ter sido trazido para cá (eles seriam mais de 3,6 milhões), o Brasil se tornou o último país da América a acabar com a escravidão.
“A Lei Áurea não foi feita para inglês ver”, diz Mary. “Talvez tenha faltado aos abolicionistas pensar na integração e na educação desses novos homens livres. Mas, aí, já é outra história.”
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