Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Curiosidades / Inglaterra

Você conhece a origem da expressão “para inglês ver”?

A expressão acima é usada diante de desconfianças de uma atitude que só vai ficar no imaginário

Adriana Kuchler Publicado em 14/03/2021, às 08h00 - Atualizado em 19/08/2022, às 17h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Pintura de meados de 1800 intitulada: Am Not I A Man and a Brother - Wikimedia Commons
Pintura de meados de 1800 intitulada: Am Not I A Man and a Brother - Wikimedia Commons

A expressão vem de uma época em que a Inglaterra era a maior potência mundial e o Brasil, um dos dependentes desse poder. Em 1831, cedendo à pressão inglesa, o país promulgou uma lei que proibia o tráfico de escravos.

Como o contrabando continuava e era realizado por pessoas influentes, como os ricos proprietários de terra, acostumou-se a dizer que a lei havia sido feita só para agradar os ingleses.

“Depois de lucrar com o tráfico de escravos por séculos, aos ingleses interessava criar um mercado consumidor para seus produtos. No Brasil a renda estava concentrada em uma pequena elite”, diz a historiadora Mary Del Priore.

Também queriam defender os interesses de suas colônias nas Antilhas, que produziam um açúcar muito caro, se comparado ao brasileiro. “A economia brasileira era baseada em grandes plantações de açúcar e a escravidão tornava o produto brasileiro muito mais barato.”

Dois escravos carregando uma mulher branca / Crédito: Getty Images

Dom Pedro II não queria contrariar os ingleses. Nem os grandes fazendeiros. Por isso, pensou em resolver o problema aos poucos. Só em 1871, 40 anos depois da primeira lei, adotou a Lei do Ventre Livre, pela qual os filhos de escravos nasceriam livres. Em 1885, foi dada a alforria aos que tinham mais de 65 anos.

Três anos depois, o Brasil libertou os 700 mil escravos que ainda restavam, número que equivalia a mais de 10% da população brasileira.

Em 1888, portanto, três séculos e meio depois de o primeiro africano ter sido trazido para cá (eles seriam mais de 3,6 milhões), o Brasil se tornou o último país da América a acabar com a escravidão.

“A Lei Áurea não foi feita para inglês ver”, diz Mary. “Talvez tenha faltado aos abolicionistas pensar na integração e na educação desses novos homens livres. Mas, aí, já é outra história.”


+Saiba mais sobre a escravidão através das obras abaixo

1. Escravidão, de Laurentino Gomes (2019) - https://amzn.to/37n5OLI

2. Escravidão e cidadania no Brasil monárquico, de Hebe Maria Mattos (1999) - https://amzn.to/2rcVZPV

3. Liberdade por um fio, de Vários autores (1996) - https://amzn.to/2O0tmyA

4. Na Senzala, uma Flor, de Robert W. Slenes (2012) - https://amzn.to/333xXV0

5. A escravidão no Brasil, Jaime Pinsky (1988) - https://amzn.to/344nNEN

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página. ​