Regiões vinícolas entregam grande volume de vinhos densos, alcoólicos e de grande aceitação no Brasil
Os vinhos italianos mais reputados e caros vêm do norte do país, de regiões muito renomadas, como o Piemonte, o Vêneto e a Toscana. É também nessas áreas que se concentra a maioria das DOCG, Denominações de Origem Controlada e Garantida, do país.
Porém, o sul da Itália tem uma história ainda mais longa com o vinho. Ali, se produz a bebida há mais de 4.000 anos. A vitivinicultura e o comércio de vinho por lá já floresciam em 2000 a.C., quando os fenícios por lá aportaram.
Os gregos, não por acaso, denominaram o sul da Itália de Enotria – A Terra do Vinho –, e os romanos transformaram a Campânia na fornecedora oficial de vinhos do Império Romano. Com essa direção, o volume de produção superou as preocupações com as filigranas da alta qualidade.
A vocação de vinificar em larga escala se estendeu por toda a região, a mais quente do país e a mais prolífica em termos de produção agrícola. Por séculos, os densos, intensamentecoloridos e alcoólicosvinhos do sul italiano eram enviados a granel (em tanques ou barricas, não engarrafados) para as regiões mais ao norte do país. Eram enviados, também, a países vizinhos, França e Alemanha, com o objetivo de engrossar aqueles caldos.
Os principais vinhos da Campânia vêm das colinas de Irpinia, nos arredores de Nápoles: o tinto Taurasi e os brancos Fiano di Avellino e Greco di Tufo, todos DOCG. Taurasi vem da uva Aglianico, de casca grossa, que lhe confere muito corpo e tal estrutura que pede envelhecimento, como os Barolo, o Barbaresco (de Nebbiolo d’Alba) e o Brunello di Montalcino (de Sangiovese Grosso), do norte.
Fiano di Avellino é o principal branco seco do sul da Itália, feito com pelo menos 85% de uvas Fiano. A uva Greco di Tufo foi introduzida na região pelos gregos há mais de 2.000 anos. Ela vai bem no solo vulcânico ao redor da vila de Tufo.
A Puglia, o salto da “bota”, ao longo do Mar Adriático, é a prolífica terra das uvas Negroamaro, Primitivo e Malvasia Nero, as principais tintas locais. Os vinhos da Puglia levam as seguintes indicações de origem: Salento, Daunia, Tarantino e Valle d’Itria. São vinhos profundamente pigmentados e tânicos, em geral, com alta alcoolicidade e frequentemente algum açúcar residual. Têm obtido muito sucesso comercial no Brasil.
Em viagem à região, provamos um Primitivo com 18% de álcool natural, sem fortificação. A península de Salento é árida e plana, com palmeiras e cactos. Este solo difícil, combinado às brisas frescas da noite do Adriático, é perfeito para a produção de vinhos tintos complexos.
A Sicília produz muitos brancos, que fazem par perfeito com os frutos do mar e os pescados da ilha. As uvas brancas são herança do vinho que dominou a produção siciliana por séculos, o fortificado Marsala. Como todos os vinhos de elevado teor alcoólico, o Marsala segue em queda de consumo.
Catarratto e Grillo são as brancas mais plantadas da ilha. Nero d’Avola, uva macia, calabresa de origem, é a principal uva tinta, seguida pela caprichosa e delicada Nerello Mascalese, das encostas do vulcão Etna, ativo. O Cerasuolo di Vittoria DOCG, corte tinto com base de Nero D’Avola, tem obtido extenso reconhecimento internacional.
Texto originalmente publicado na revista Vinho Magazine (Edição 126)
Por Vinho Magazine