Compreendia duas mil palavras: Koko, a gorila que se comunicava com humanos

Hanabiko'Koko' foi uma gorila-ocidental-das-terras-baixas que ficou conhecida por sua incrível habilidade empática e por sua capacidade de comunicação com humanos.

Ela nasceu no dia 4 de julho de 1971 no zoológico de San Francisco, nos Estados Unidos, mas logo foi transferida para uma reserva chamada Gorilla Foundation, em Woodside, Califórnia.

Foi lá que ela viveu a maior parte de sua vida, por onde passou por diversos cuidados especiais que a fizeram aprender a se comunicar através de uma linguagem de sinais adaptada.

A saga

Segundo a Gorilla Foundation, ao longo do tempo Koko adquiriu um conhecimento enorme que a fez ficar mundialmente famosa. Foi ali, crescendo ao redor de humanos cientistas e sendo instruída pela cuidadora Francine Patterson.

Patterson começou a trabalhar com o animal em 1972, período em que a primata conseguiu desenvolver um vocabulário impressionante de mais de mil sinais, que usava para se comunicar com as pessoas. Além disso, no fim de sua vida foi constatado que ela já compreendia duas mil palavras em inglês, segundo a BBC.

Acredita-se que Koko também era capaz de entender a diferença entre substantivos, verbos e adjetivos, e sabia distinguir conceitos subjetivos como "bom" e "falso". Sua linguagem de sinais ficou conhecida como "linguagem de sinais do gorila" (GSL).

Não incluía sintaxe ou gramática em seu aprendizado. Apesar da sua linguagem não ter nem ultrapassado o de uma criança humana de 3 anos, ela era muito inteligente e tinha uma escala de QI entre 75 e 95. 

A fêmea foi o animal mais conhecido de sua espécie, os gorilas-ocidentais-das-terras-baixas, que estão em grande risco de extinção, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza. “Koko tocou a vida de milhões como embaixadora de todos os gorilas e como ícone da comunicação e empatia entre espécies”, declarou a fundação.

Habilidades

A partir da pesquisa que se iniciou com ela e outros gorilas foi possível indicar que grandes símios ("macacos antropomorfos" das espécies da ordem dos primatas, considerados mais próximos evolutivamente do homem) podem desenvolver habilidades semelhantes às de crianças pequenas. 

Além da comunicação, o comportamento do animal impressionou a todos por mostrar uma competência emocional muito parecida com o de humanos. Ela tinha seus próprios gostos e preferências, demonstrava suas vontades e também emoções como felicidade e tristeza, decepção e surpresa, entre outros.

Algumas situações fizeram de Koko uma celebridade. Entre elas está o momento que aprendeu a usar um gravador, e exibiu um controle de respiração que, até então, era acreditado que só seres humanos poderiam reproduzir.

Ela também estampou capas de diversas revistas como a National Geographic, fez aparições em documentários e até mesmo conheceu o ator Robin Williams. O último momento foi registrado em um vídeo de 2001, quando a fêmea brincou com ele e quis experimentar seus óculos.

Contudo, de longe a mais famosa manchete de Koko foi quando ela pediu à sua criadora que lhe desse um gatinho de estimação. Fazendo sinais de bigode, ela demonstrou seu desejo de ser dona de um gato doméstico, a equipe, claro, lhe deu o animal, que ela cuidava como se fosse um verdadeiro "pet".

Koko morreu aos 46 anos em 19 de junho de 2018. Atualmente a Gorilla Foundantion continua a honrar o legado dela, e avança em sua pesquisa, reproduzindo a linguagem de sinais em grandes símios e participando de campanhas para garantir projetos de conservação desses animais na África e em todo o globo.