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Curiosidades / Ciência

Grude natural: Como fazíamos antes da cola?

A cola que conhecemos existe há pouco mais de 100 anos. Antes dela, eram usados ossos, cartilagem e até claras de ovos

Nathalia Bustamante Publicado em 19/11/2018, às 12h00 - Atualizado em 25/07/2021, às 09h00

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Imagem meramente ilustrativa de pessoa fazendo colagens - Divulgação/ Pexels/ George Milton
Imagem meramente ilustrativa de pessoa fazendo colagens - Divulgação/ Pexels/ George Milton

Em tempos modernos, é bastante difícil imaginar uma vida sem a cola. Acontece que ela está nos móveis que usamos, nos chips que carregamos, nos sapatos que calçamos, nos carros que dirigimos. O material sintético que conhecemos como cola, contudo, está entre nós há pouco mais de 100 anos. Por outro lado, a habilidade de grudar objetos (ou pedaços) uns nos outros tem uma história bem mais remota.

Um dos vestígios mais antigos do uso de adesivos foi descoberto em uma caverna próxima ao Mar Morto. Estima-se que sua manipulação tenha ocorrido há cerca de 8 mil anos — uma invenção, portanto, mais antiga que a própria roda, cuja primeira aparição encontrada é datada de 3.000 a.C., ou 5 mil anos atrás.

Além de unir peças de arcos de madeira e outros utensílios de ossos, a substância encontrada na caverna também servia para proteger cestos de cordas da umidade e da água — uma tecnologia notável para um grupo de pessoas que nem sequer tinha começado a produzir peças de argila. 

Essa substância se parece com as colas sintéticas modernas, mas tem origem bastante diversa. Ossos, cartilagens e outros tecidos de animais têm colágeno, uma proteína que quando fervida se transforma em uma gelatina grudenta. A própria palavra colágeno é derivada do grego kolla, que significa cola, e o sufixo '-gen', que significa produtor.

Imagem meramente ilustrativa de garota usando cola / Crédito: Divulgação/ Pexels/ cottonbro

Substâncias semelhantes, de origem animal, foram descobertas em pinturas em pirâmides e há indícios de que também eram utilizadas na construção de móveis de madeira no Egito, há 4 mil anos. Em templos na Babilônia, arqueólogos encontraram estátuas cujos olhos de ébano foram grudados às órbitas — e resistem há seis milênios. 

Com os gregos e romanos, outras fontes de colágeno também foram descobertas: clara de ovo era utilizada para decorar objetos com folhas de ouro; cera de abelha reparava rachaduras nos cascos dos barcos. Seiva de árvores, grãos, leite e queijos também eram “ingredientes” da cola em receitas compiladas na Idade Média pelo autor Teophilus.

Na Europa Ocidental, o uso de cola só se popularizou entre os anos de 1500 e 1700 — especialmente para a produção de armários e gabinetes. A primeira fábrica comercial de cola foi fundada na Holanda em 1690 e também usava juntas animais como matéria-prima. Já a primeira patente foi emitida no Reino Unido, em 1750, para um produto à base de cartilagem de peixe.

A Revolução Industrial levou à descoberta de inúmeros outros materiais para a produção de substâncias adesivas. A sintetização de polímeros plásticos, na primeira década do século 20, logo levou à produção de resinas que dominaram o mercado.

A partir da segunda metade do século 20, devido a pesquisas impulsionadas pela Segunda Guerra Mundial, colas sintéticas tornaram-se mais avançadas, mais baratas e de qualidade mais uniforme que as de origem vegetal e animal.

Mesmo estando entre nós há mais de 8 mil anos, a maior parte da tecnologia de substâncias aderentes foi desenvolvida nos últimos 100 — com produtos que podem variar em flexibilidade, durabilidade e força, de acordo com a necessidade. A cola branca, campeã de consumo com mais de 4 milhões de toneladas por ano, é produzida sinteticamente a partir do polímero PVA, descoberto em 1912, na Alemanha.

Imagem meramente ilustrativa de homem usando cola líquida / Crédito: Divulgação/ Pexels/ Anna Tarazevich

A supercola

Descoberta em 1942 por acidente, a fórmula do cianoacrilato foi considerada “muito grudenta” pelo cientista Harry Coover. Na época, o inventor procurava um material plástico para produzir miras para armas dos soldados aliados na Segunda Guerra. Ao se deparar com um adesivo de secagem ultrarrápida que claramente não servia ao propósito da sua pesquisa, descartou-o.

Nove anos depois, em 1951, Coover supervisionava um projeto de cabines de jatos resistentes ao calor na Eastman Kodak. A fórmula abandonada foi resgatada por sua equipe e testada entre prismas de vidro — que instantaneamente se aderiram. Nessa redescoberta, Coover percebeu o potencial de mercado do produto e o patenteou, dando origem ao maior sucesso comercial entre suas outras 460 invenções registradas.

A “Eastman #910”, nome pouco apelativo escolhido pela Kodak para a supercola, foi lançada em 1958. A fórmula foi posteriormente licenciada para a empresa Loctite, que lançou sua própria versão, chamando-a pela marca que hoje conhecemos: Super Bonder.


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