Fruto do vodu haitiano, caso ocorrido no século 20 é o primeiro registro de zumbismo confirmado
Em abril de 1962, o haitiano Clairvius Narcisse entrou no Hospital Albert Schweitzer, no Haiti, reclamando de febre e do que descreveu como “insetos rastejando na pele”. Quando sua condição piorou, a equipe lhe colocou em um quarto no hospital, e dois dias depois ele foi declarado morto. Sua família enterrou o corpo no cemitério local, selando o caixão com pregos, como de costume.
No entanto, alguns dias depois, o caixão de Narcisse foi violado. Um feiticeiro haitiano, o desenterrou e levou embora. O homem foi espancado, amarrado e forçado a beber uma substância misteriosa, sendo levado para uma plantação de açúcar.
Durante dois anos, ele trabalhou na plantação junto a outras pessoas em estado semelhante, recebendo injeções adicionais da bebida para manter-se em seu estado "zumbi". Contendo uma planta alucinógena chamada Datura stramonium (“pepino de zumbi”, como era conhecida), o líquido causava perda de memória em quem o ingerisse.
Após a morte do Bokor, Clairvius viu uma chance de ir embora e vagar sem rumo. Foi apenas dezoito anos depois de sua suposta morte que ele retornou à sua cidade natal. À primeira vista, sua família não acreditou.
Somente depois de responder uma espécie de questionário, que contava com respostas que apenas ele poderia saber, o "zumbi" acabou sendo reconhecido, causando incredulidade em todos e chamando atenção da mídia internacional.
Pesquisadores como Wade Davis, antropólogo e etnobotânico de Harvard, estudaram a situação de de Clairvius. Segundo Davis, os ingredientes usados na poção foram a tetrodotoxina e a bufotoxina, simulando um estado de morte na pessoa que ingerisse tais substâncias.
Complementadas com Datura Stramonium, um delirante poderoso, essas substâncias poderiam ter tido o poder de manter o homem sob controle.
Acredita-se que ele não tenha morrido de verdade naquele dia, apenas entrado em contato com uma substância que o deixava sedado e praticamente subordinado, devido à perda de memória. O Bokor teria feito um pó com esses elementos e, de alguma forma, colocou-o próximo à pele de Clairvius.
Assim, ele ficou sob uma espécie de coma, o que fez com que todos achassem que ele tivesse realmente falecido. Após o enterro, o feiticeiro voltou a atormentá-lo, tirando-o de seu caixão e levando o homem em estado de "zumbi" para a plantação de trabalho escravo.
Ainda assim, o caso continua uma incógnita. Não se sabe exatamente o que aconteceu com Clairvius, visto que o feiticeiro responsável pelo "zumbismo" morreu antes que pudesse ser interrogado quanto aos ingredientes de sua bizarra substância.
Saiba mais sobre vodu haitiano por meio das obras abaixo:
Vodú y magia en Cuba.: Haití, Dominicana y los USA, José Millet Batista
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