Yves-Marie Clochard-Bossuet foi chamado de última hora pelo hospital francês e permaneceu em oração ao lado do cadáver da princesa de Gales
A madrugada daquele 31 de agosto de 1997 foi conturbada no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, na França. Vítimas de um terrível acidente de carro foram encaminhadas ao local, entre elas, ninguém menos que Diana, a princesa de Gales.
Ninguém sabia ao certo qual era o estado de saúde de Lady Di, apenas que o automóvel que ela estava, juntamente com seu namorado Dodi Al-Fayed, seu guarda-costas Trevor Rees-Jones e o motorista Henri Paul havia sido perseguido por paparazzi e sofrido um impacto em um túnel.
Diana foi socorrida na cena do acidente pelo bombeiro Xavier Gourmelon, que contou ao DailyMail que ela ainda estava consciente e chegou até mesmo a perguntar o que tinha acontecido.
No hospital, entretanto, a situação se agravou e a princesa não sobreviveu, deixando seus dois filhos para trás, Harry e William. O que muitos não sabem é que o corpo de Diana contou com uma companhia inesperada: um padre católico que foi chamado de última hora pelas autoridades francesas.
Yves-Marie Clochard-Bossuet estava em sua casa, próximo ao hospital Pitié-Salpêtrière, quando recebeu uma ligação em plena madrugada. Um dos administradores da instituição pedia para que um pastor anglicano comparecesse ao local. O sacerdote lembrou a ocasião em entrevista ao DailyMail.
Bossuet disse que não tinha o contato do religioso que procuravam e voltou a dormir. Em seguida, mais ligações o acordaram, dessa vez pediam sua presença no hospital. A princípio, ele acreditou que se tratava de uma brincadeira, afinal, quem podia precisar dele naquele horário.
Outra ligação. Os representantes do hospital disseram que se tratava de um acidente envolvendo a princesa Diana, e que o embaixador do Reino Unido na França estava lhe aguardando. Sem pensar muito, Yves-Marie se aprontou e partiu.
Chegando lá, deu de cara com o diplomata e foi alocado em um dos andares do hospital. O clima era de desespero e tensão, o padre mal podia compreender o que estava de fato acontecendo.
Apenas às 4:20 da manhã, quase duas horas depois de sua chegada, uma enfermeira o levou para um quarto. Não havia nada no ambiente além de uma maca com o corpo sem vida de Diana.
O Ministro francês do Interior, Jean-Pierre Chevènement, e o embaixador britânico pediram-lhe para ficar ao lado da princesa até que o pastor anglicano pudesse finalmente aparecer. E assim o fez, por mais de dez horas, Yves-Marie ficou na sala ao lado do cadáver.
Sua impressão de Diana, como contou ao DailyMail, não era das melhores. Visto todas as polêmicas na família real britânica, a reputação da princesa para ele estava manchada. Porém, ao vê-la deitada, morta, tudo mudou.
O padre passou a pensar nos filhos que nem sabiam que a mãe deles havia morrido, e toda a dificuldade que teriam que enfrentar. Por horas, Clochard-Bossuet rezou, até que uma ideia apareceu em sua cabeça.
Com a chegada do pastor, Yves partiria para um retiro de oração, mas antes decidiu escrever uma carta para a mãe de Diana, Frances Shand Kydd.
“Tenho um primo inglês que me disse que a mãe de Diana era católica convertida e tinha uma fé forte. Foi ele quem sugeriu que eu escrevesse para ela. Escrevi então uma carta muito formal, contando-lhe todos os detalhes. Queria dizer a ela que as enfermeiras tinham feito as coisas muito bem. Não havia nada que tivesse deixado a desejar, embora tudo tivesse sido feito num quarto de hospital e não no Palácio de Buckingham. Contei-lhe também que eu tinha rezado e ficado ao lado dela até a chegada do príncipeCharles”, disse ele ao DailyMail.
Dias depois, recebeu uma resposta, um agradecimento e um pedido especial. Frances queria realizar uma missa em homenagem à filha no hospital. Ainda com obstáculos, o pedido foi realizado. Naquele quarto que Diana permaneceu nas horas que seguiram sua morte, recebeu um último adeus.