Marcada pelo pânico dos tripulantes, a viagem culminou em inúmeras mortes e seu terror ainda inspirou diversas produções
Em meados de 1845, John Franklin, então aos 59 anos, era um renomado veterano das Guerras Napoleônicas. Com uma carreira respeitada, o marinheiro tinha mais um grande objetivo em mente: encontrar a elusiva Passagem do Noroeste. Foi por isso, inclusive, que explorador decidiu comandar uma inusitada expedição naquele mesmo ano.
Tendo recebido o nome do próprio capitão, a viagem aconteceu nos navios HMS Terror e HMS Erebus e tinha tudo para dar certo. Indo contra a expectativa de todos os seus tripulantes, contudo, a aventura foi por água abaixo, encontrando um desfecho trágico.
Depois de zarpar rumo ao desconhecido, a expedição foi avistada pela última vez ainda naquele ano de 1845. Depois disso, descobriu-se que toda a tripulação morreu antes mesmo que os navios pudessem completar um quinto do caminho.
Confira 5 curiosidades sobre o macabro episódio:
Com 34 tripulantes, à procura da Passagem Noroeste, os navegantes iniciaram uma trágica viagem, que resultou em um naufrágio de duas embarcações. O mais bizarro, porém, é que o paradeiro dos tripulantes e o que poderia ter causado a tragédia permanecem um mistério.
De acordo com a teoria mais aceita pelos especialistas, os navios podem ter ficado presos no gelo, em um lugar chamado Estreito de Victoria, no Oceano Ártico, que fica no norte do Canadá, entre as ilhas Victoria e King William. Depois da morte dos primeiros homens, a tripulação provavelmente decidiu abandonar os navios e percorrer cerca de 1.600 km em direção ao posto comercial mais próximo — o que não foi finalizado.
Em 1854, o explorador escocês John Era encontrou alguns moradores inuítes, membros da nação indígena esquimó, de Pelly Bay. Eles contaram a ele sobre terem visto alguns ossos humanos partidos ao meio, espalhados pela região.
O fato fez com que novos rumores surgissem, dizendo que, como uma desesperada tentativa de sobrevivência, os homens teriam recorrido ao canibalismo para não morrerem de fome. Alguns dos ossos encontrados na Ilha King William entre as décadas de 1980 e 1990, continham marcas de facas em sua extensão, o que reforçou a teoria.
Foi apenas em 1850, cinco anos depois, que 11 navios britânicos e dois americanos encontraram os primeiros sinais da expedição. Eles descobriram os túmulos de três tripulantes, na Ilha Beechey. Nos anos seguintes, foram achados objetos dos marinheiros e inuítes ainda disseram aos exploradores que teriam visto um dos navios afundar.
Ao longo dos 150 anos seguintes, mais de 90 expedições foram realizadas. Em 1980, antropólogos da Universidade de Alberta, no Canadá, fizeram inúmeras pesquisas com os corpos de três marinheiros. Apenas em 2014, os destroços do HMS Erebus foram localizados a poucos quilômetros da Ilha do Rei Guilherme, assim como o HMS Terror, encontrado dois anos depois.
O antropólogo Owen Beattie encontrou os restos de John Torrington que, de acordo com a placa presente na tampa de seu caixão, morreu aos 20 anos em 1º de janeiro de 1846. Ao desenterrá-lo, ficaram surpresos com o estado de conservação de John. Além dele, foram descobertas as múmias de John Hartnell (marinheiro capaz) e William Braine (Membro da Marinha Real do Reino Unido).
Torrington estava vestindo uma camisa de algodão cinza, uma calça de linho. Seus membros ainda estavam amarrados com tiras de linho. Seus olhos estavam abertos e ele teria sido barbeado antes de seu enterro.
Os três primeiros homens morreram possivelmente de pneumonia e tuberculose, causas muito comuns para morte de marinheiros naquela época. No entanto, também foram encontrados traços de chumbo em seus corpos, o que revelou um possível envenenamento.
Acredita-se que isso pode ter sido decorrente do sistema de destilação de água do navio, que deveria usar canos do material e, ao vazar, teria infectado os organismos dos homens com o metal.