Militantes organizaram uma ação que foi dizimada pela ditadura militar
Entre 1967 e 1974, instalava-se um movimento revolucionário de cunho comunista na região do “Bico do Papagaio”, localizada entre a fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins. Lá, também passava o rio Araguaia, que deu nome à ação.
A Guerrilha do Araguaia foi formada por uma ala radical do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), composta em sua maioria estudantes universitários que se voluntariaram para participar da guerrilha. Durante a ditadura militar, eles foram dizimados.
A Aventuras na História separou 5 curiosidades sobre a Guerrilha do Araguaia. Confira!
Embora tivessem sido colocados na ilegalidade, militantes comunistas estavam se organizando cada vez mais durante a ditadura militar. Na clandestinidade, eles passaram a articular ações revolucionárias que tinham como objetivo acabar com o regime opressivo.
Para tal, os socialistas brasileiros se inspiraram em líderes ao redor do mundo. Che Guevara, por exemplo, foi responsável por criar modelos de guerrilhas rurais que foram seguidas inúmeras vezes.
A guerrilha é conhecida até hoje por seu final trágico, mas o começo, quando os militantes ainda estavam chegando ao território, é menos falado. Antes de chamarem a atenção dos militares do governo, os jovens compraram lotes na região e montaram comércios.
Como relatou a Superinteressante, pouco depois, passaram a dar aulas para a população local, alfabetizando crianças e adultos. Em questão da ação revolucionária, eles treinaram na mata, aprendendo táticas necessárias para a sobrevivência no ambiente.
Enquanto os guerrilheiros iam se instalando e treinando, a notícia de que militantes estavam planejando uma ação revolucionária na região foi se espalhando e chegou nos militares. Investigações e campanhas começaram a ser feitas, cujo resultado foi a eliminação total dos jovens.
Em três campanhas, o governo brasileiro trouxe as três Forças Armadas e a Polícia Militar para colocar um fim à guerrilha, em uma potência muito contrastante à dos comunistas. Segundo o O Globo, o exército enviou “um aparato cujas estimativas oscilam entre 3.500 e 20 mil homens”, contra o grupo de 69 a 90 pessoas.
Os militantes receberam ajuda da população local ao longo da formação da guerrilha, o que também os tornou alvo do exército. Muitos camponeses, inclusive, foram investigados por seu suposto envolvimento com a ação revolucionária, passando por torturas e sequestros.
Ainda segundo O Globo, o governo brasileiro contava com espiões chamados de arapongas, que trabalhavam no Centro de Informações do Exército (CIE). Eles se misturaram aos camponeses e obtiveram informações sobre a guerrilha. Ao menos 17 moradores desapareceram e cerca de 100 passaram por interrogatórios violentos.
Em 2017, foi lançado o documentário Soldados do Araguaia, dirigido por Belisário Franca. A produção contou um lado diferente da Guerrilha do Araguaia: a dos “soldados ribeirinhos” que foram recrutados para combater a ação revolucionária, mas que foram torturados ao longo do episódio.
Apenas 60 militares eram ribeirinhos, escolhidos pois conheciam bem a região. No entanto, em seu treinamento, os entrevistados contaram durante o documentário que passaram por situações violentas como espancamento, eram vítimas do pau de arara e, muitas vezes obrigados a tomar sangue de cobras.
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