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Robert Capa: imagens recuperadas

Descobertas fotos da Guerra Civil Espanhola

Guilherme Gorgulho Publicado em 01/04/2008, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

A descoberta de um acervo considerado perdido por mais de meio século, com milhares de negativos do fotógrafo húngaro Robert Capa produzidos durante a Guerra Civil Espanhola, pode trazer à tona a verdade sobre uma das principais imagens já captadas por uma lente nos campos de batalha. A dúvida que persiste é se a foto conhecida como “A Morte do Soldado Republicano”, que mostra um legalista no exato momento em que é atingido por um disparo, é um registro do momento real de combate ou se ela foi encenada.

O flagrante do enfrentamento armado entre republicanos e tropas do general Francisco Franco em uma colina perto de Córdoba, em 1936, foi publicado pela primeira vez na revista francesa Vu e, a partir de então, foram feitas cópias tendo como matriz uma reprodução antiga, já que o negativo tinha se perdido. Apesar de o biógrafo de Capa, Richard Whelan, afirmar que a foto era realmente um instantâneo da cena, as especulações continuaram porque o célebre fotógrafo era simpatizante da causa republicana e por ter sido autor também de registros de outras manobras militares montadas – prática considerada rotineira na época. O que se espera é que a descoberta de algum negativo mostrando fotos feitas nos momentos que precederam ou sucederam o tiro possam pôr fim à polêmica de uma vez por todas.

Mudança de paradigma

A importância da coleção de películas de mais de sete décadas deve-se ao fato de que esse episódio militar marcou a eclosão da moderna fotografia de guerra. “Capa estabeleceu o modo e o método de descrever a guerra nessas fotografias, com o fotógrafo não como um observador, mas estando na batalha, e isso se tornou o padrão que o público e os editores passaram a exigir desde então”, diz Brian Wallis, curador-chefe do Centro Internacional de Fotografia de Manhattan (EUA), para onde as imagens foram levadas.

A incrível história dos negativos perdidos começa quando Capa deixou a Europa, rumo aos Estados Unidos, em 1939, deixando para trás o resultado de seu trabalho na Guerra Civil Espanhola em sua câmara escura em Paris. Até morrer, em 1954, Capa estava convencido de que os negativos haviam se perdido durante a invasão dos nazistas à França na Segunda Guerra Mundial.

Há pouco mais de uma década, começou a surgir uma versão de que a valise contendo três frágeis maletas de papelão com os trabalhos de Capa teria se extraviado depois de deixar Paris com destino a Marselha. Do sul da França, o material foi parar na Cidade do México, nas mãos de um diplomata mexicano. Na América, os negativos ficaram escondidos por mais de 50 anos, até que, em dezembro de 2007, foram levados para o Centro Internacional de Fotografia de Manhattan, fundado pelo irmão de Capa, Cornell. A partir do recebimento do material – cerca de 3, 5 mil negativos –, os especialistas da instituição iniciaram um árduo trabalho de catalogação do precioso acervo.