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Quem são os gnósticos?

Quem são os gnósticos?

Michelle Veronese Publicado em 01/06/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Um dos vários grupos religiosos que surgiram por volta do século 1, os gnósticos afirmavam ter acesso a um conhecimento (do grego, gnosis) secreto que os levaria à salvação. Presentes em grandes centros, como Egito e Síria, acreditavam que todos os seres humanos possuíam uma centelha divina e, despertando esse pedacinho de Deus dentro de si, poderiam se reconectar a ele e ser salvos.

Os gnósticos diziam que o mundo material era imperfeito, porque havia sido criado por uma outra divindade, inferior a Deus. E não achavam necessário ter intermediários entre os homens e o mundo divino. Com o aparecimento de Jesus e o começo do estabelecimento do cristianismo, muitos gnósticos passaram a considerá-lo um mestre espiritual, enviado para revelar esses ensinamentos. Por isso, passaram a ser chamados de gnósticos cristãos.

Como suas idéias feriam os dogmas da Igreja, eles foram tachados de hereges e combatidos nos séculos 2 e 3. “O grande temor era que o cristianismo, influenciado pelo gnosticismo, se tornasse uma religião de idéias, de conhecimento intelectual, não sendo acompanhada por feitos práticos”, diz o teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás.

Evangelho Segundo Judas é exemplo do gnosticismo

Michelle Veronese

Escrito há quase 1 700 anos numa língua praticamente desaparecida (o copta, falado no Egito dos primeiros séculos), o chamado Evangelho Segundo Judas pode ser a mais nova chave para compreender o pensamento gnóstico. Encontrado numa tumba próxima ao rio Nilo e traduzido recentemente pela National Geographic Foundation, o documento conta que o discípulo que dedurou Cristo aos romanos, na verdade, teria feito isso a pedido do próprio mestre. “Jesus pede que Judas o entregue logo, porque quer deixar a prisão que é o corpo dele. O conceito de que o corpo é uma prisão é profundamente gnóstico”, diz Schiavo. Em vez de traidor, Judas emerge como herói, o único apóstolo que sabia o destino de Jesus (um conhecimento secreto, mais uma idéia gnóstica), escolhido para a missão por ser o mais leal.

Fora da Bíblia

Evangelho de Maria

Os gnósticos cristãos podem ter escrito outros textos que não entraram no Novo Testamento, como o Evangelho de Maria, datado do século 2 ou 3. Lá, em vez de prostituta, Madalena é líder religiosa.

Evangelho de Felipe

Descoberto em 1945, perto de Nag Hammadi, no Egito, conta que Maria Madalena era a discípula favorita, a quem Jesus beija na boca.

Evangelho de Tomé

Também de Nag Hammadi, do século 2, traz uma coletânea de 114 “ditos secretos” atribuídos a Jesus.