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Primeiras Cartas do Brasil: entre a fé e a aventura

Livro reúne as dez primeiras cartas escritas no Brasil - todas por padres

Ernani Fagundes Publicado em 01/08/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Ser padre no Brasil do século 16 era uma atividade um tanto perigosa. Os missionários que desembarcaram por aqui viviam entre a espada de colonos e o caldeirão de nativos canibais. Fantásticas aventuras fazem parte da coletânea Primeiras Cartas do Brasil – 1551-1555 (Jorge Zahar), uma compilação de dez missivas escritas pelos pioneiros padres que pisaram aqui elaborada por Sheila Moura Hue, doutora em Literatura Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Os primeiros religiosos começaram a chegar ao país em 1549, quando o governador Tomé de Souza decidiu acabar com o que chamava de “falta de fé” que reinava aqui. Os poucos colonizadores, alguns degredados pela Coroa portuguesa, possuíam várias esposas – todas índias conquistadas em troca de bugigangas ou de amizade com as tribos. Para eles, a presença dos sacerdotes era o fim do convívio tropical sem o conceito do pecado. Além da pregação aos fiéis descontentes, os clérigos tinham a missão de levar o cristianismo aos nativos, mesmo os mais arredios, correndo o risco de virar o prato principal de aldeias antropófagas.

No meio de uma pregação e outra, os padres encontravam tempo para escrever longas cartas aos superiores na Europa. Entre as que foram reunidas no livro, há relatos importantes como o do padre Manuel da Nóbrega contando sobre a chegada dos jesuítas à Bahia. Ou o nascimento das cidades de São Paulo (1554) e Vitória (1551), narrado com naturalidade pelos respectivos fundadores José de Anchieta e Afonso Brás. Há também histórias incríveis, como as aventuras do padre Leonardo Nunes, que sofreu um ataque de flechas no mar de São Vicente, e a trágica morte de Pero Correia. Ao ajudar alguns espanhóis que naufragaram na costa brasileira a encontrar o caminho para Assunção, no Paraguai, por terra, o religioso foi morto pelos índios após uma intriga com um castelhano ferido. O livro traz ainda o relato de João de Azpilcueta Navarro sobre a primeira expedição pelo sertão, em 1553: de Porto Seguro, na Bahia, até o rio São Francisco, em Minas Gerais, voltando pelo rio até sua foz em Sergipe.