Franceses debatem se historiador pode virar herói
De tempos em tempos, os franceses se envolvem em campanhas para transferir o corpo de alguém para o Panteão, monumento inspirado nos templos homônimos grego e romano. Agora, o debate gira em torno do historiador Marc Bloch, morto em 1944, aos 57 anos.
Ser sepultado no Panteão é o equivalente a ser transformado num grande herói francês. O monumento, erguido no século 18 por ordem do rei Luís XV, tem hoje 73 túmulos. O último “grande homem” a ter os restos mortais transferidos para lá foi o escritor Alexandre Dumas, em 2002.
O processo para a “panteonização” costuma ser longo e depende do aval do presidente. Ter prestado um grande serviço à nação e estar morto há pelo menos 10 anos são as condições principais.
Marc Bloch lutou voluntariamente nas duas Grandes Guerras e, durante a ocupação alemã da França, foi preso e assassinado pela polícia nazista. Suas anotações do período da guerra foram reunidas pelo filho em L’histoire, la Guerre, la Résistance (“A história, a guerra, a resistência”, inédito em português).
Voltaire (1694-1778)
Por suas posições anticlericais, o escritor não teve direito a cortejo quando morreu. Mas seus restos mortais foram transferidos ao Panteão em 1791 com pompa.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
O suíço, uma das principais inspirações da Revolução Francesa, foi “panteonizado” em outubro de 1794.
Victor Hugo (1802-1885)
O escritor republicano foi levado ao Panteão uma semana após sua morte num cortejo seguido por 1 milhão de pessoas.
Pierre (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934)
Os caixões do casal de cientistas responsáveis pela descoberta da radioatividade foi transferido em 1995 por 12 estudantes.