O império dos francos
O reino de Carlos Magno é tido como o primeiro sinal de um estado sólido na Europa ocidental após a dissolução do Império Romano. Antes, as antigas províncias romanas haviam experimentado cerca de 300 anos de instabilidade política, enquanto povos bárbaros migravam e se assentavam nas terras do antigo império.
Sem uma estrutura central que garantisse a segurança, o comércio minguou, as cidades diminuíram e a aplicação da lei e da ordem passou a depender, em grande parte, dos líderes bárbaros que dominavam de cidades a províncias inteiras. A idéia de território foi reduzida às alianças pessoais e era regida por uma hierarquia de obrigações mútuas – um homem servia a seu superior e, em troca, recebia proteção, conceito-chave do feudalismo. Em sua ascensão, Carlos Magno, rei dos francos, recebeu ajuda da única instituição que sobreviveu à queda do império romano, a Igreja – que preservou, em seus mosteiros, grande parte da herança cultural romana. Interessado em cortar seus laços de dependência com o Império Bizantino, o papa Leão III coroou Carlos Magno, em 800, como imperador dos romanos, enquanto garantia para a Igreja uma extensa faixa de territórios na Itália. Posteriormente, do desmembramento de seu império, nasceriam as atuais Alemanha e França.
Espanha
No século 7, a expansão islâmica chegou à Espanha, onde os reinos bárbaros foram desalojados e espremidos na parte norte da península. Outras levas de invasores árabes conquistaram ilhas importantes, como a Sicília, hoje parte da Itália, e as Baleares, no nordeste da Espanha. Por volta do ano 1000, o califado de Córdoba se erguia como o grande centro de cultura do Ocidente, juntando sábios muçulmanos, judeus e cristãos.
Alemanha
Com a partilha do império de Carlos Magno no Tratado de Verdun (845), Luís, o Germânico, ficou com a parte oriental do reino. Entre 919 e 936, seus descendentes unificaram os povos germânicos e, em 936, Oto I retomou o título de Magno ao se tornar imperador do Sacro Império Romano. Conquistas posteriores no leste, contra os húngaros e lombardos, fizeram do reino a maior força cristã do século 10.
Bulgária
O reino da Bulgária é o primeiro estado eslavo da história. Inicialmente formado por uma população que tinha invasores búlgaros, nativos e ainda trácios (da Trácia, onde hoje ficam Bulgária, Romênia, noroeste da Turquia e nordeste da Grécia), era uma força considerável nos séculos 9 e 10 e disputava com os bizantinos a supremacia nos Bálcãs. Foi vítima, em 969, de uma invasão dos russos de Kiev e finalmente tomada pelo rei bizantino Basil II, em 1018.
Império Bizantino
Herdeiro do Império Romano do Oriente, os bizantinos mantiveram uma lei baseada na tradição romana e na religião cristã, ao menos em seus territórios na Grécia, Ásia Menor e Itália. A capital, Constantinopla, era a maior cidade, com 300 mil habitantes no século 10. O império enfrentava inimigos no norte (búlgaros), no leste (turcos seldjúcidas) e no oeste (soldados do Sacro Império Romano).
Inglaterra
Durante o século 10, a ilha, que havia experimentado uma divisão política por causa das invasões anglo-saxãs, finalmente assistiu à consolidação do reino da Inglaterra. Isso aconteceu durante a liderança de Althesthan (895-939), filho de Alfredo, o Grande (849-899), rei de Wessex. Mas a hegemonia saxã duraria pouco. Em 1066, os normandos, sob o comando de William, o Conquistador, invadiram a ilha e dominaram os saxões.
França
Após a morte de Carlos Magno, seus sucessores foram incapazes de manter a unidade política e o grande império desmoronou, abrindo brechas para que os invasores vikings se estabelecessem na atual Normandia (noroeste da França) e o reino da Bretanha adquirisse sua independência (845). Em 987, o último representante da dinastia carolíngia foi substituído por Hugo Capeto, conde de Paris e um dos maiores senhores feudais de sua época.