Quadrinhos coreanos contam saga do ícone revolucionário
Mais um livro contando as aventuras do mito revolucionário Che Guevara (1928-1967) não seria exatamente uma novidade. Agora, se a história for contada em quadrinhos, aí sim, soa diferente. Para dizer o mínimo. É o caso de Che, mangá do sul-coreano Kim Yong-Hwe que narra os passos do argentino Ernesto Guevara de la Serna de seu nascimento até a morte nas selvas da Bolívia, recentemente lançado no Brasil pela Conrad.
Como em todo quadrinho que se preze, Che é transformado numa espécie de super-herói de carne e osso. O que não anula as qualidades da biografia. O autor mescla uma rigorosa pesquisa histórica com referências pop inusitadas. O famoso vilão de Guerra nas Estrelas, Darth Vader, por exemplo, ilustra uma explicação sobre o imperialismo.
Com tempero moderno e pitadas de humor, Che procura cercar, além da história oficial, o lado humano do revolucionário. “É uma pessoa mais conhecida por sua imagem que pelas informações propriamente ditas a seu respeito”, escreve Kim na introdução do mangá.
Do nascimento do ícone da revolução cubana, em Rosário, interior da Argentina, até a emboscada fatal, está tudo lá. A viagem de moto pela América Latina ao lado do amigo Alberto Granado, as crises de asma, as andanças pelo mundo, o encontro com Fidel Castro.
Além disso, interferências didáticas acompanham a narrativa do mangá. Há, por exemplo, informações sobre acontecimentos históricos e explicações de conceitos políticos, como a diferença entre revolução e golpe de estado.
Nem a utopia sedutora do argentino escapa ao cartunista. Em certo trecho, um Che Guevara um tanto caricato, com olhos sutilmente puxados, afirma com dedo em riste: “Seja realista, desafie o impossível!” A frase, comumente atribuída a Ernesto, foi dita na verdade pelo pintor surrealista André Breton. Mas tudo bem: ela bem que poderia ser de Che.