Arqueólogos pesquisam o passado da Antártida
Tudo indica que a Antártida nunca foi colonizada por humanos antes do fim do século 18. Não é para menos. Praticamente inabitável, o continente é o mais gelado e seco do planeta. Mesmo assim, a cada ano a região atrai centenas de arqueólogos, que buscam informações sobre a curta história do povoamento da região.
As viagens de exploração começaram há cerca de 200 anos. Pouco depois dos primeiros descobridores, foi a vez dos caçadores de focas e baleias. Os cientistas só apareceram na década de 50 do século passado. Entre eles, vieram arqueólogos, interessados em descobrir em que condições aconteceram as primeiras viagens para lá. Mas essa primeira geração de Indiana Jones do gelo danificou parte do material que tentava pesquisar.
A partir da década de 70, começaram a ser feitos estudos mais cuidadosos, que restauram abrigos usados pelos heróis do descobrimento do continente e estudam o cotidiano dos caçadores de foca. O argentino Andrés Zarankin, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que o gelo ajuda a conservar os objetos. “Achamos um sapato de 200 anos em perfeito estado. Isso seria impossível em outro lugar”, ele afirma.
Os trabalhos de campo acontecem entre dezembro e março, quando a temperatura vai de zero a 15 graus negativos. Os pesquisadores dormem em barracas e lutam para não perder a noção de tempo, já que, nessa época do ano, não anoitece. São condições de vida semelhantes às dos homens que os arqueólogos estudam. “A diferença é que nossas roupas são melhores, não comemos focas e temos aparelhos de rádio e GPS”, diz Zarankin.
Pedra e madeira
Os caçadores dormiam em cabanas de pedra. Já a tripulação das missões de descobrimento se abrigava em casas de madeira pré-fabricadas.
Foca e baleia
Quem vivia da caça aproveitava bem os recursos locais. Pele de foca era usada para proteger o telhado da umidade e a mobília era construída com ossos de baleia.
Leão-marinho
A alimentação incluía leões-marinhos locais e carne de porco dos navios.