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O cientista não via problema em usar suas invenções para matar gente

25/11/2013 15h52 Publicado em 25/11/2013, às 15h52 - Atualizado em 16/10/2018, às 15h24

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Alfred Nobel: O "mercador da morte" e seu prêmio - Arquivo Aventuras
Alfred Nobel: O "mercador da morte" e seu prêmio - Arquivo Aventuras

Ao final da vida, Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite e pacifista, sentiu-se incomodado pelo uso feito de seu invento e usou sua fortuna para criar o Prêmio Nobel. É provável que seus neurônios carreguem uma história mais ou menos assim quando você busca em seus arquivos cerebrais "Alfred Nobel" ou "Prêmio Nobel".

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- O homem-bomba

É uma simplificação cômoda, que nem a Fundação Nobel nem o Parlamento da Suécia, responsável pelo Nobel da Paz, se incomodam em ver repetida. Alfred Nobel era, sim, um pacifista, mas um pacifista de um tipo particular: um fabricante de armas. Duas indústrias descendentes dos projetos de Nobel existem ainda hoje, a sueca Bofors e a alemã Dynamit Nobel. Os Nobel eram uma família de industriais. O pai, Immanuel, havia fornecido armas ao czar da Rússia durante a Guerra da Crimeia. Em 1867, Alfred inventou uma forma prática e segura de nitroglicerina, a dinamite, criando o primeiro alto explosivo comercialmente viável - e um império industrial. A dinamite era de uso civil. Mas isso não quer dizer que Nobel não se interessasse em vender armas.

Seu envolvimento com a indústria bélica aconteceu ao mesmo tempo que se tornou pacifista. O pacifismo nasceu da amizade com Bertha von Suttner, que conheceu em 1876, ao confessar a ela que tinha um plano de criar uma arma tão poderosa que tornaria as guerras inúteis. Ou seja, acreditava que, se fizesse as armas mais aterrorizantes do mundo, acabaria com as guerras.

Em 1888, morreu o irmão mais velho de Alfred, Ludvig, que entrou para a história como um modelo no tratamento ético dos trabalhadores. Numa enorme trapalhada, um jornal francês entendeu que o defunto era Alfred e publicou a manchete "O mercador da morte está morto". Nobel percebeu que não entraria para a história como um personagem querido - e aí surgiu a ideia de criar uma associação humanística perpétua, que legou em testamento. Mesmo depois do incidente do jornal, Alfred Nobel continuou acreditando no seu pacifismo de destruição em massa. Comprou a Bofors em 1891 e transformou uma metalúrgica em fábrica de armamentos. Foi seu último projeto industrial. Para ser justo com Nobel, ele não foi o único a acreditar em intimidação como forma de pacifismo, nem o pioneiro em explosivos baseados em nitroglicerina. E seu prêmio se tornou a maior honraria para cientistas, políticos e escritores.