Em templo famoso da Índia, os roedores são vistos como reencarnações humanas
Edgardo Martolio Publicado em 04/03/2023, às 15h27 - Atualizado em 13/04/2023, às 12h00
O templo dos ratos reverenciados, na Índia, é único no mundo. É uma experiência diferente, surpreendente, até nojenta. E é obrigatório entrar descalço! Se você se questionar por que não há ratos na cidade, a resposta é simples: eles têm muita comida que as pessoas levam como oferendas. Dizem que os roedores não saem do templo indiano Karni Mata.
A lenda é longa, no entanto, famosa na cidade Deshnok, próxima de Bikaner. Em resumo, esses ratos são vistos como reencarnações humanas, e a reencarnação também é inversa, ou seja, cada rato morto representa também o nascimento de um humano na aldeia do templo. Já a presença de um rato branco tem outro significado: além de representar a sorte, configura, supostamente, uma reencarnação da deusa ou um herdeiro.
Por isso, as pessoas levam comida e se dirigem até um altar iluminado onde se ajoelham ao lado dos roedores, falam com eles e parecem tocá-los ao assumirem que estão conversando com parentes do passado e... do futuro!
Não existem inúmeros ratos como antes. Dizem haver menos a cada dia porque as oferendas que os devotos levam incluem muito leite - algo raro na alimentação de ratos, mas que não fica de fora no templo - e doces (que normalmente não comem). Como consequência, são dois elementos que rapidamente os tornam diabéticos.
Se consomem só leite, vivem até 6 meses, se comerem doces, dois meses. O cenário atual revolta fiéis, que temem o desaparecimento dos roedores em uma década. Todos são diabéticos, não têm muito pelo, engordam e são lentos.
Embora a ciência determine que é impossível, na Índia as pessoas batem o pé ao afirmar que ninguém nunca ficou doente pelo contato com os ratos. Assim, os devotos vão o tempo todo ao templo, e não deixam de comparecer ao Festival Anual de Navaratri, que dura nove dias. Mas por que nove dias? Bom, o número compreende o total de reencarnações do filho da deusa. Nos nove dias que se seguem, há uma fila de até seis horas para chegar ao altar, 24 horas.
Edgardo Martolio é jornalista e escritor (laureado com o Troféu Raça Negra, da Sociedade Afro-brasileira de Desenvolvimento Sóciocultural – Afrobras– e pela Universidade Zumbi dos Palmares – Unipalmares – em 2008).
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