Irmãos Menendez: Entenda a diferença entre a série e documentário da Netflix

Há mais de 30 anos, no dia 20 de agosto de 1989, os irmãos Lyle e Erik Menendez assassinarem seus pais, José e Kitty, em sua residência em Beverly Hills, nos Estados Unidos.

Lyle, então com 21 anos, e Erik, com 18, dispararam 15 tiros com espingardas calibre 12 contra seus próprios pais. Décadas depois, o caso de homicídio duplo continua a gerar discussão pública, especialmente agora, com o lançamento de duas novas produções da Netflix que reexaminam o episódio sob diferentes perspectivas.

Mas, o que difere a série do documentário?

A série "Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais", criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, oferece uma dramatização em nove episódios que explora as complexas relações familiares dos Menendez, incluindo alegações dos irmãos sobre abusos sofridos na juventude, o que teria resultado no crime que chocou o mundo. Por outro lado, também apresenta reações explosivas dos irmãos, retratados como garotos mimados.

Já o documentário "O Caso dos Irmãos Menendez", dirigido por Alejandro Hartmann, apresenta entrevistas com os próprios irmãos, que relatam sua versão dos acontecimentos diretamente da prisão. Além disso, a produção se destaca ao apresentar depoimentos de especialistas e pessoas que participaram dos julgamentos de Lyle e Erik.

Diferentes narrativas

Esses projetos não apenas reacenderam o interesse público pelo caso, mas também destacaram as diferenças na percepção pública ao longo do tempo. O documentário fornece uma visão mais íntima e direta dos irmãos, reiterando suas alegações de abuso sexual, físico e emocional. Entretanto, também dá espaço a visões contrárias, como a da promotora Pamela Bozanich, que permanece cética quanto às alegações dos Menendez.

Por outro lado, a série escolheu uma abordagem mais ambígua, apresentando múltiplas interpretações sobre os eventos, misturando fato e ficção. "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais" expõe um lado complexo da família Menendez e até mesmo sugere que Lyle e Erik se relacionavam sexualmente, o que nunca foi provado.

José é interpretado por Javier Bardem como um homem carismático com nuances moralmente questionáveis, enquanto Kitty é humanizada pela atuação de Chloë Sevigny.

As duas novas produções da Netflix revisitam os julgamentos que se seguiram aos assassinatos. O primeiro julgamento resultou em um júri empatado e foi amplamente coberto pela mídia internacional. No entanto, a série aborda superficialmente o segundo julgamento, onde o juiz Stanley Martin Weisberg impôs restrições significativas às defesas baseadas em alegações de abuso.

Os irmãos expressaram insatisfação com a representação feita por Murphy em "Monstros", alegando que a série apresenta falsas narrativas sobre eles. Erik Menendez chegou a manifestar seu descontentamento publicamente por meio de um comunicado transmitido por sua esposa.

Nova audiência

Enquanto isso, redes sociais como o TikTok têm desempenhado um papel crucial na renovação do interesse pelo caso entre as gerações mais jovens. Inclusive, uma nova audiência, baseada em evidências recentemente reveladas, foi marcada.

Em outubro de 2023, surgiram alegações de que José Menendez teria abusado sexualmente do cantor Roy Rosselló durante sua adolescência. Além disso, foi descoberta uma carta na qual Erik, oito meses antes dos crimes, desabafa sobre os abusos com um primo. 

Com uma nova audiência marcada para novembro deste ano, há esperança entre apoiadores e familiares dos irmãos Menendez de que possam ocorrer novas sentenças ou até mesmo um novo julgamento.