Múmia egípcia datada de aproximadamente 3.300 anos proporcionou uma descoberta significativa após análise; confira detalhes
Redação Publicado em 25/12/2024, às 17h00 - Atualizado em 26/12/2024, às 09h49
Uma equipe internacional de pesquisadores fez uma descoberta significativa ao identificar vestígios da bactéria Yersinia pestis, causadora da peste bubônica, em uma múmia egípcia datada de cerca de 3.300 anos.
Essa análise foi realizada através dos restos mortais de um homem preservado no Museo Egizio, na Itália, e representa o primeiro caso documentado da infecção fora do continente euroasiático.
A peste bubônica é amplamente reconhecida como uma das doenças mais letais da história, responsável por devastar populações durante a pandemia medieval do século XIV.
A recente descoberta sugere que a Yersinia pestis circulava muito antes dessa epidemia, já que estudos anteriores haviam encontrado evidências da bactéria apenas na Europa e na Ásia. Agora, o achado em solo egípcio levanta novas questões sobre a origem e a disseminação da doença ao longo dos séculos.
O estudo foi conduzido por uma equipe de cientistas de várias partes do mundo, que analisaram não apenas os ossos, mas também o conteúdo intestinal da múmia, revelando a presença da bactéria em um estado avançado de infecção. Isso indica que o indivíduo provavelmente apresentava sintomas severos no momento de sua morte.
“Este é o primeiro genoma pré-histórico de Y. pestis relatado fora da Eurásia, fornecendo evidências moleculares da presença de peste no antigo Egito, embora não possamos inferir o quão disseminada a doença estava durante esse período”, detalham os pesquisadores. A pesquisa foi apresentada no Encontro Europeu da Associação de Paleopatologia, realizado em 21 de agosto.
A confirmação molecular da peste no Egito Antigo representa um marco histórico, mas a possibilidade de que a doença tenha afetado essa região já havia sido discutida anteriormente. Em 1999, arqueólogos descobriram pulgas em uma vila ligada aos trabalhadores que construíram a tumba de Tutancâmon.
Como esses insetos são conhecidos por serem transmissores eficazes da Yersinia pestis, tal descoberta levantou suspeitas sobre a presença da peste no Egito Antigo.
Adicionalmente, um antigo texto médico conhecido como Papiro de Ebers, que data de 3.500 anos, menciona uma condição que provocava "bubões", sintomas característicos da peste bubônica.
Essas referências históricas e a descoberta das pulgas alimentaram teorias sobre a possibilidade de transmissão da doença através de pulgas que infestavam roedores nativos do Nilo, antes que os ratos negros, reconhecidos como vetores da peste, se espalhassem globalmente via comércio marítimo.
Ainda que a hipótese envolvendo os roedores do Nilo pareça plausível, até este novo estudo não havia provas concretas para respaldar essa teoria. O avanço nas investigações sobre a peste no Egito pode abrir novos caminhos para entender melhor a história da patologia e suas repercussões ao longo do tempo.
A Peste Negra, também conhecida como peste bubônica, foi uma epidemia devastadora que assolou a Europa durante o século XIV, sendo causada pela bactéria Yersinia pestis. Historicamente, acredita-se que esta enfermidade tenha se originado na Ásia Central e sido introduzida no continente europeu por comerciantes genoveses.
O impacto da peste foi imensamente trágico, resultando na morte de milhões de pessoas em diversas regiões europeias. Estudos indicam que aproximadamente um terço da população da Europa sucumbiu à doença, no entanto, análises mais recentes sugerem que a taxa de mortalidade pode ter ultrapassado metade da população.
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