'A Amendoeira': Conflito entre Israel e Palestina inspira livro visceral

A escritora Michelle Cohen Corasanti nos convida a uma jornada pessoal e intelectual por trás da criação de seu livro 'A Amendoeira'. Em uma entrevista exclusiva ao Aventuras na História, a autora compartilha detalhes sobre o processo de pesquisa, as inspirações e o impacto que a obra teve em seu público.

O livro tem como pano de fundo a complexa realidade do conflito entre Israel e a Palestina. O romance, que se tornou um best-seller internacional, acompanha a trajetória de Ahmed Hamid, um jovem palestino que vive sob a ocupação israelense.

Desde a infância, Ahmed é confrontado com as duras consequências do conflito. A perda de seu pai, a destruição de sua casa e a constante ameaça à sua família moldam sua personalidade e o impulsionam a buscar um futuro diferente.

No entanto, a esperança não é apagada. Dotado de um talento excepcional para a matemática, Ahmed encontra na educação uma saída para a violência e a opressão.

Trajetória e Vida

A trajetória de Michelle como escritora e ativista é profundamente marcada por sua experiência de vida. Crescida em um ambiente sionista, a autora teve sua visão de mundo desafiada ao conhecer a perspectiva palestina durante seus estudos. 

"Cresci em um lar sionista e só conhecia a propaganda sionista quando me mudei para Israel aos 16 anos, em 1982. Lá, frequentei escolas sionistas exclusivamente judaicas até os 19 anos", conta a escritora. 

'A Amendoeira' surge como resultado de uma pesquisa meticulosa e de um profundo engajamento com a realidade palestina. A autora recorreu a diversas fontes, incluindo sua própria experiência, o testemunho de amigos palestinos e estudos acadêmicos sobre o Oriente Médio. 

As fontes que usei para garantir a autenticidade da minha história vieram do que testemunhei pessoalmente e estudei por uma década na faculdade", pontua Michelle. 

Um dos grandes desafios da autora foi encontrar um equilíbrio entre a necessidade de contar uma história emocionante e a responsabilidade de abordar um tema tão complexo e sensível como o conflito Israel-Palestina. Corasanti optou por contar a história de um menino palestino que busca superar as adversidades e construir um futuro melhor. 

"Minha história é sobre um menino que consegue contra todas as probabilidades. Eu queria mostrar a realidade dos palestinos que vivem dentro da linha verde, então apenas usei a história e minha experiência pessoal para criar minha história. Combinei as histórias que aprendi com meus amigos palestinos de dentro da linha verde, aquelas que mudaram meu coração e minha mente, e as transformei em 'A Amendoeira'", explica. 

Educação

A educação emerge como um tema central no livro. A autora destaca a importância do conhecimento e da educação como ferramentas para promover a mudança e a esperança em meio ao conflito. A história do protagonista, inspirado na vida de seu ex-marido, ilustra o poder da educação para transformar vidas e construir um futuro mais justo e equitativo. 

"Graças à brilhante mente do meu ex-marido em matemática e ciências, ele conseguiu sustentar sua família, concluir seus estudos e obter uma bolsa de estudos para a faculdade. Lá, um professor israelense viu sua mente brilhante e o acolheu", conta a escritora. "Peguei a semente dessa ideia e a usei para ficcionalizar a realidade". 

Michelle acredita que a literatura tem um papel fundamental na promoção da empatia e na construção de pontes entre diferentes culturas. Ao compartilhar histórias que desafiam os preconceitos e os estereótipos, os escritores podem contribuir para a construção de um mundo mais justo e tolerante. 

"Histórias emocionantes podem alcançar milhões de pessoas e ter a capacidade de nos mudar e mudar nossas crenças para sempre. Não me tornei uma contadora de histórias porque queria contar histórias. Tornei-me uma contadora de histórias porque tinha uma história para contar", disse ela. 

'A Amendoeira' é mais do que um romance, é um testemunho pessoal e um chamado à reflexão sobre um dos conflitos mais complexos e duradouros do mundo contemporâneo. Ao compartilhar sua história, Michelle convida os leitores a questionar seus próprios preconceitos e a buscar uma compreensão mais profunda das raízes do conflito Israel-Palestina. 

Leia também: Anistia Internacional acusa Israel de genocídio em Gaza