Ossadas de camponeses mortos por militares há 40 anos são encontradas no Peru

Há quatro décadas, militares perpetraram um massacre no Peru. Na última quarta-feira, 10, o Ministério Público do país sul-americano comunicou que os restos mortais de 11 dessas vítimas foram encontrados em três valas comuns.

"Essas ossadas corresponderiam a vítimas do massacre ocorrido entre os anos de 1983 e 1985" em Putis, departamento de Ayacucho, no sudeste do Peru, destacou o Ministério Público em um comunicado. O órgão também indicou na nota que foram encontradas as roupas das vítimas, entre as quais havia crianças.

O Exército peruano estabeleceu uma base militar na região para enfrentar a guerrilha maoista Sendero Luminoso. "Nesse contexto, os camponeses se concentraram ao lado do recinto militar; no entanto, durante esse período, os militares juntaram os membros da comunidade e os executaram, acusando-os de serem colaboradores do grupo terrorista mencionado", garantiu o MP, segundo informações da agência de notícias AFP.

As valas comuns foram encontradas em encostas na parte alta das comarcas de Yanaorcco, Llamanniyocc, Misumachay e Hichocruz.

Como destaca a AFP, Putis era o centro de oito comunidades rurais onde viviam cerca 2.000 pessoas até a época da chacina. Nenhum militar foi condenado pelo caso, porém, em abril deste ano, a promotora Gisella Astocóndor pediu 25 anos de prisão para um ex-capitão do Exército.

Conflito armado

Mais de 69.000 pessoas, a maioria camponeses pobres dos Andes, morreram durante o conflito armado entre 1980 e 2000, segundo a a Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR, 2003).

Além disso, a guerra deixou ao menos 21.000 desaparecidos. De acordo com CVR, existem no Peru cerca 4.000 valas comuns, muitas das quais estão em Ayacucho.