Pirâmide maia em Chichén Itzá, no México - Foto por Fcb981 pelo Wikimedia Commons
Arqueologia

Mais de 100 meninos maias foram sacrificados e enterrados em Chichén Itzá

Novo estudo realizou a análise de restos mortais encontrados no sítio arqueológico de Chichén Itzá, e descobriu que todos eram do sexo masculino

Éric Moreira Publicado em 12/06/2024, às 13h34

Um novo estudo publicado na revista Nature revelou uma série de descobertas em torno do famoso sítio arqueológico maia de Chichén Itzá, no México.

Uma conclusão tomada pelos pesquisadores, por exemplo, é de que o local abriga um enterro coletivo contendo os restos mortais de mais de 100 indivíduos, que foram sacrificados em antigos rituais. Porém, o que mais chama atenção é a semelhança entre os mortos: eram todos meninos e foram enterrados ao longo de 500 anos.

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Para a descoberta, os pesquisadores realizaram análises de DNA em 64 dos esqueletos do local, encontrados na década de 1960 em uma câmara subterrânea de armazenamento de água que esteve em uso entre os século 7 e 12.

Além do mais, também foi descoberto que dentre todos os meninos, cerca de um quarto eram parentes próximos; também foram identificados dois pares de gêmeos no enterro.

"A maioria deles tinha entre 3 e 6 anos de idade", conta ao Live Science o principal autor do estudo, Rodrigo Barquera, pós-doutorando no Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, da Alemanha.

"Como muitos dos indivíduos eram parentes até certo ponto, isso nos diz que é provável que apenas famílias específicas tivessem acesso a este enterro e que nem qualquer um pudesse colocar seus filhos lá — foi uma grande honra".

Agora, ainda explica o pesquisador, ainda não está completamente claro como foi a morte daqueles meninos. Porém, é descrito que eles não apresentavam sinais de trauma, então não foram jogados na câmara. Possivelmente, segundo Barquera, eles tenham sido envenenados — o que análises mais aprofundadas devem revelar.

Sepultamento misterioso

Este grande sepultamento, segundo o Live Science, é considerado surpreendente pelos pesquisadores, visto que sepulturas maias semelhantes já foram encontradas, mas contendo apenas mulheres jovens ou homens e mulheres.

Tradicionalmente, os enterros associados a um ambiente subterrâneo são geralmente ofertas de fertilidade. Mas quando descobrimos que este enterro era todo masculino e que muitos [dos indivíduos] eram parentes entre si, a narrativa mudou. Agora precisamos tentar entendê-la", afirma Barquera.

Embora seja incerto o propósito exato do enterro e da forma como ocorreram os sacrifícios, é possível que eles tenham sido uma espécie de apelo aos deuses pela produtividade das colheitas, ou então pelas chuvas. Porém, o que Barquera acredita que possa ser uma pista é a presença dos dois pares de gêmeos.

"Sabemos que, para os maias, os gêmeos homens eram importantes e que há uma história dos gêmeos heróis que foram ao submundo para vingar o pai. É possível que este seja um memorial aos gêmeos heróis", explica o pesquisador.

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