Teria Rudolf Hess, braço direito de Hitler, embarcado para a Escócia em uma missão secreta de paz? Ou tratava-se de um impostor?
Letícia Yazbek Publicado em 23/01/2019, às 15h03 - Atualizado às 15h57
Um novo estudo, liderado pelo patologista aposentado do exército dos Estados Unidos Sherman McCall, acaba de derrubar uma das teorias da conspiração mais conhecidas sobre a Segunda Guerra Mundial e o nazismo.
Nomeado vice-führer por Adolf Hitler em 1933, Rudolf Hess embarcou em uma perigosa missão em maio de 1941. Voou sozinho para a Escócia, em uma tentativa de intermediar a paz com a Grã-Bretanha. Durante todo esse tempo, a questão era: esse homem era realmente Rudolf Hess?
Diversos rumores circularam a respeito do incidente, que se tornou um dos maiores mistérios da Segunda Guerra. Muitas pessoas – incluindo Franklin Roosevelt – acreditavam que, na verdade, o homem enviado à Grã-Bretanha era um sósia de Hess, instruído a enganar os aliados por algum propósito nefasto dos nazistas. Outros acreditavam que o truque havia sido criado pelos próprios ingleses.
Rudolf Hess – ou seu sósia – foi capturado imediatamente ao chegar à Escócia. Detido, foi julgado por crimes de guerra e condenado a prisão perpétua. Passou seus últimos 40 anos na prisão Spandau, em Berlim Ocidental, onde foi encontrado morto em 1987, aos 93 anos, em um aparente suicídio.
O corpo do prisioneiro, conhecido como Spandau #7 foi cremado e, assim, passou a ser impossível saber se tratava-se de um impostor ou do verdadeiro Führer adjunto. Sem restos físicos, a teoria da conspiração não poderia ser provada nem derrubada.
Para sustentar a teoria, havia o boato de que Spandau #7 não tinha cicatrizes no peito – que Hess havia adquirido durante a Primeira Guerra – e não exibia uma lacuna nos dentes da frente, característica de Hess.
No entanto, a prova final ainda estava por vir. Décadas após a morte do prisioneiro, pesquisadores do Centro Médico do Exército Walter Reed, em Washington, descobriram que uma amostra de sangue do prisioneiro, retirada em 1982, ainda estava armazenada no local.
“Comecei a me dar conta da existência da mancha de sangue de Hess em uma observação casual durante minha residência em patologia no Walter Reed”, disse McCall à New Scientist. “Só me dei conta da controvérsia histórica alguns anos depois”.
McCall e sua equipe rastrearam um dos parentes vivos de Rudolf Hess e obtiveram dele uma amostra de saliva. Depois, compararam os marcadores de DNA com a amostra do sangue de Hess. Segundo os pesquisadores, a análise de DNA indica que há uma chance maior que 99,99% de que Spandau #7 seja de fato Rudolf Hess.
Para a equipe, o exame acabou com o mistério. “A teoria da conspiração alegando que o prisioneiro 'Spandau # 7' era um impostor é extremamente improvável e, portanto, refutada”. Os resultados foram publicados na Forensic Science International: Genetics.
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