Governo Bolsonaro cortou em quase um terço orçamento previsto para cuidados dos animais
Redação Publicado em 09/02/2023, às 12h04
Em janeiro, duas emas da Granja do Torto, uma das residências oficiais da presidência da república, morrerem devido a um quadro de excesso de gordura. O primeiro animal veio a óbito na segunda semana do mês e o outro na última.
Segundo um relatório do Ibama e da Casa Civil, do qual o UOL teve acesso com exclusividade, os animais estava sem o devido acompanhamento veterinário, e grande parte deles também vivia em instalações inadequadas.
De acordo com o atual governo, as emas eram tratadas com resto de comida humana pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, visto que o mesmo só destinou um terço do orçamento previsto para o cuidado dos animais.
Em 6 de janeiro, a primeira-dama Janja pediu para que fosse feita uma avaliação dos animais que vivem nas residências oficiais — atualmente há 17 emas na Granja do Torto, antes eram 19, e 38 no Palácio da Alvorada.
O relatório, diz o UOL, apontou que boa parte deles tinha “bom estado geral de saúde”, mas viviam em “instalações inadequadas”. A primeira morte, porém, aconteceu uma semana depois.
Segundo a reportagem, estava previsto que 20 mil grãos fossem disponibilizados por ano para os cuidados dos animais. Porém, em 2022, foram destinados apenas 7 mil, cerca de um terço. Assim, foi incluído arroz e milho à ração, o que desbalanceou a dieta dos animais.
Na autópsia preliminar, foi apontado que as emas tinham excesso de gordura visceral, abdominal e até nos fígados. Os animais viviam na Granja do Torto, ocupada pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes até dezembro.
O resultado definitivo deve sair entre duas e três semanas, mas os especialistas que analisaram as aves comentaram que jamais haviam visto uma ema “com tanta gordura”.
O relatório também aponta que a morte súbita dos animais “fecha com o quadro” de doenças cardíacas e hepáticas, "desencadeadas provavelmente pelo mau manejo alimentar durante os últimos anos".
Outro ponto fundamental para o quadro é que o governo Bolsonaro dispensou um acompanhamento técnico dos animais por parte de um profissional. “É importante que as residências oficiais tenham um responsável técnico para acompanhamento permanente dos animais”, aponta o relatório.
Um último ponto da consultoria pedida por Janja destaca que as emas não foram vacinadas contra a Doença de Newcastle. Segundo matéria no portal do Governo de Tocantins, a doença também é conhecida como pseudo peste aviária.
Newcastle disease é uma enfermidade viral, aguda, altamente contagiosa, que acomete aves silvestres e comerciais, com sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça”, aponta o artigo.
Para evitar mais mortes, além das emas, alguns animais foram encaminhados para o Zoológico de Brasília, onde ficarão em um ambiente mais adequado. Entre eles estão: 4 papagaios; 3 araras-canindé; 2 pavões; 1 periquito-de-encontro-amarelo; e 1 pássaro-preto.
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