Imagem do site que comercializava fósseis brasileiros ilegalmente - Reprodução/X/@PaleoCisneros
Arqueologia

Após vender fósseis brasileiros ilegalmente, site americano é derrubado

Um professor da UFPI descobriu a venda dos artefatos e denunciou o caso ao Ministério Público Federal, que acionou as autoridades americanas

Redação Publicado em 07/08/2024, às 16h54

Um site estadunidense, denunciado por vender fósseis brasileiros ilegalmente, retirou os itens de sua vitrine virtual após o paleontólogo Juan Cisneros, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), denunciar o portal ao Ministério Público Federal (MPF), que encaminhou o caso às autoridades dos Estados Unidos.

Segundo pode ser visto no longo desabafo que publicaram no seu site, basicamente reconhecem que ignoravam as nossas leis e por isso vendiam nossos fósseis", comentou Juan Cisneros no X (antigo Twitter), sobre a remoção e sobre um texto publicado pela loja virtual.

Conforme repercutido pelo G1, a legislação brasileira determina que fósseis são propriedade da União, logo, a venda desses itens é ilegal. Sua exportação só é permitida para fins científicos. 

“[No texto] eles reconhecem que compraram os fósseis de uma loja na Europa. A qual obviamente não tinha nenhum documento para constatar a legalidade”, acrescentou o professor.

Para o pesquisador, essa prática é não apenas ilegal, mas também prejudicial às pesquisas, já que, em vez de serem preservados em museus, os fósseis acabam em coleções privadas fora do país.

No início de 2023 constatei que uma loja nos EUA estava vendendo centenas de fósseis brasileiros contrabandeados. A maioria eram insetos do Período Cretáceo, obtidos na região do Araripe (mesmo local onde foi encontrado o dinossauro Ubirajara) + https://t.co/KEd2gqUfI8

— Prof. Juan Cisneros ⚒️ 🐉 (@PaleoCisneros) August 6, 2024

Respostas

No texto, o proprietário do site menciona ter recebido muitas perguntas sobre a remoção dos fósseis da vitrine. Ele relata, na publicação, como iniciou a comercialização dos itens históricos:

Há vários anos fui abordado por outro negociante de fósseis que conheço muito bem durante uma exposição. Ele me perguntou se eu gostaria de levar uma enorme coleção para casa para vender em consignação para ele e dividiríamos os lucros", afirmou o vendedor.

“Tive uma ou duas perguntas sobre a legalidade e por isso contatei o revendedor europeu e ele garantiu-me que tinha adquirido legalmente e tinha a documentação para o provar. Ele chegou a me dizer que, se houvesse algum 'problema', eu deveria direcionar a investigação a ele”, acrescentou.

Em seguida, o comerciante disse ter recebido uma visita inesperada das autoridades, que desejavam discutir a grande quantidade de fósseis brasileiros em sua posse. “Parece que o governo brasileiro tomou conhecimento e contatou o governo dos Estados Unidos”, contou.

Esforço internacional

A visita, de acordo com Juan Cisneros, foi resultado de uma cooperação internacional iniciada pelo MPF meses após a denúncia do paleontólogo, feita em janeiro de 2023. O caso continua em andamento e tudo indica que o próximo passo será a repatriação dos fósseis para o Brasil.

Juan Cisneros explicou que os vestígios pertencem ao Período Cretáceo e foram encontrados na Chapada do Araripe, que abrange os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco. “O tipo de rocha no qual eles estão é característico, é um calcário amarelado com restos de matéria vegetal. E é comum encontrar insetos nessas rochas”, detalhou.

Brasil Estados Unidos denúncia investigação site Fósseis

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