Antiga pista de dança inca encontrada no Peru - Divulgação/Prof. K. Lane
Arqueologia

Antiga pista de dança inca é descoberta no Peru

Grande plataforma suportaria até 26 pessoas e era utilizada em homenagens a divindade do raio e do trovão

Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 26/07/2023, às 10h10 - Atualizado às 10h15

Um estudo arqueológico recente da Universidade de Buenos Aires revelou, em meio a um antigo sítio pré-hispânico em Viejo Sangayaico, a 200 quilômetros de Lima, no Peru — datado de entre os anos 1.000 e 1.400 d.C. —, um espaço inesperado utilizado pelos incas no passado: uma pista de dança; que seria capaz de suportar até 26 pessoas.

Segundo o estudo, publicado no Journal of Anthropological Archaeology e liderado por Kevin Lane, a estrutura teria sido projetada com o objetivo de imitar sons de tambores quando pisoteada. A característica peculiar, por sua vez, faria daquilo um importante espaço para prestar homenagens a uma divindade andina — relativa aos povos que viviam nos Andes — associada aos raios e trovões.

A descoberta, conforme noticiado pela Revista Galileu, ocorreu por acaso: Lane explica que toda a equipe foi surpreendida quando, ao pisar na plataforma, ouviram um eco reverberando no ar. Sabendo que o barulho não seria por acaso, logo começaram a escavar o local.

Os pesquisadores envolvidos descobriram então uma estrutura com aproximadamente 10 metros de comprimento, formada por quatro camadas preenchidas por guano de camelídeo e argila siltosa, ambos materiais que podem aprimorar o efeito acústico. Localizada em frente a uma montanha, a pista de dança também conta com um ushnu, uma espécie de plataforma cerimonial comum a povos pré-hispânicos.

A associação do local à veneração da divindade andina do raio e do trovão sugere que a dança neste local pode ter sido em parte sintonizada com essa entidade sobrenatural", propõe Kevin Lane.
Pista de dança inca descoberta em Viejo Sangayaico, no Peru / Crédito: Divulgação/Prof. K. Lane

 

Som dos deuses

Kevin Lane ainda destaca no estudo que já é conhecido que o som era um elemento extremamente importante nos rituais dos antigos povos andinos, que viam o barulho como uma forma de se conectar ao reino espiritual. Além do mais, outras construções semelhantes, pensadas com potencial acústico, já foram encontradas em outros sítios arqueoógicos dos Andes no passado.

Em entrevista ao The Art Newspaper, Lane menciona o sítio arqueológico peruano Chavin de Huantar, onde também já foram encontradas pistas de dança semelhantes à recém-descoberta, demonstrando que a dança e sons são práticas culturais comuns aos povos andinos.

Agora, a descoberta serve como incentivo ao estudo acústico da arqueologia, a fim de avançar ainda mais com as descobertas referentes aos povos pré-hispânicos.

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