Irmãos Menendez: Como a irmã de José enxerga Lyle e Erik após o crime?

Lançada na última semana, a segunda temporada de 'Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais', da Netflix, repercute entre internautas, ao reviver os assassinatos de José e Kitty Menendez pelas mãos dos próprios filhos, Lyle e Erik. O crime ocorreu no fim de 1989, e foi um dos casos que mais chocou os Estados Unidos no início da década de 1990.

Na época, o crime chocou os EUA: no começo, as autoridades suspeitavam que membros da máfia teriam invadido a mansão da família Menendez em Beverly Hills e assassinado friamente Jose e Kitty, visto que foi Lyle quem avisou as autoridades sobre o cenário brutal que viu — os pais alvejados por vários tiros de espingardas calibre 12 —. Em desespero, alegava que havia retornado do cinema com o irmão quando se deparou com as vítimas.

Porém, com o desenrolar das investigações, não só foi descoberto que foram os próprios Lyle e Erik, na época com 21 e 18 anos respectivamente, os autores do crime, como também foi apontado pela defesa, em meio aos julgamentos, que o caso não se tratava de um assassinato a sangue-frio movido por interesse na fortuna familiar; mas, um ato desesperado de legítima defesa de dois garotos abusados pelos pais durante anos.

Além de toda a mídia norte-americana voltar sua atenção para o caso, quem observou o desenrolar da história de maneira ainda mais próxima foram os familiares dos irmãos Menendez, que possuem opiniões divididas sobre a culpa de Lyle e Erik. Entre eles, está Marta Cano, irmã de José, o principal agressor da história contada pelos irmãos.

Marta Cano

Em entrevista à ABC News, em 2018, Marta Cano — que, inclusive, é madrinha de Erik — afirmou que não considera que seus sobrinhos sejam criminosos, e se posicionava a favor da libertação dos dois.

Testemunhando pela defesa dos sobrinhos durante os julgamentos, ela os descreveu como meninos "doces" e "lindos", que estavam profundamente perturbados pelo abuso que sofreram de seus pais.

Em paralelo, ela também descreveu José, seu próprio irmão, como um "cara doente", que também tinha "traumas tremendos da infância". "Ele não era uma pessoa má", afirmou. "Ele era uma pessoa doente. Ele tinha seus traumas".

Vale mencionar que, após julgamento — que praticamente ignorou as alegações de abuso sexual de Lyle e Erik —, os irmãos Menendez foram condenados à prisão perpétua e, detidos em instituições diferentes, passaram mais de 20 anos sem se verem pessoalmente. Foi só em 2018 que finalmente puderam se reencontrar, na Penitenciária Correcional Richard J. Donovan, onde estão detidos até hoje, aos 56 e 53 anos.

E para Cano, embora "seja uma grande alegria saber que eles estão juntos", ainda é aguardado que, eventualmente, Lyle e Erik sejam libertos:

"Eles merecem ser livres", disse ela à ABC News. "Eles não são criminosos. Eles estavam em tanto choque e medo de suas próprias vidas que foi isso que aconteceu".

A tia dos irmãos Menendez ainda acrescentou que pensa que o ato de Lyle e Erik matarem os pais teria sido um "mecanismo de defesa", em vez de um crime planejado, motivado puramente por "medo total".

"Como eu me sentiria se alguém tivesse abusado de mim a vida toda e, de repente, ele ficasse bravo na minha frente e viesse até mim? É um mecanismo de defesa que todos nós temos. Você nunca sabia o que faria".

Impacto na família

Ainda segundo a ABC News, os assassinatos de Jose e Kitty e os eventuais julgamentos de Lyle e Erik foram um trauma para a família. Cano, inclusive, acredita que um de seus filhos, Andy, morreu justamente por não suportar a prisão de seus primos, de quem era próximo.

+ Irmãos Menendez: Como os familiares de Lyle e Erik enxergam o caso?

 Cano disse que até manteve contato com os sobrinhos ao longo dos anos, embora "não tanto" quanto gostaria, mas que conheceu as esposas de ambos, encontrando-as em diferentes ocasiões. "Eles sempre estiveram no meu coração", disse.

Ela também acredita que devido ao sofrimento que os irmãos passaram na prisão, tendo em mente o tempo todo que aquela situação não chegaria ao fim, Lyle e Erik amadureceram.

"A outra coisa boa é que eles conseguiram amadurecer separadamente. Às vezes nos apegamos a outra pessoa e nunca amadurecemos".

Por fim, Cano revelou que seu afilhado, Erik, lhe pediu que enviasse alguns livros depois de lhe contar que ensinava religião para um grupo de pessoas na prisão.

"Então, ele estava realmente se certificando de que os prisioneiros soubessem que há um Deus que nos ama. Isso foi maravilhoso para mim porque ele nunca teve isso em casa". E, a tia de Lyle e Erik segue com a esperança de que, um dia, possa ver os dois sobrinhos finalmente livres.

Todos os episódios de "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais" já podem ser assistidos na plataforma de streaming Netflix.