O Aventuras na História entrevistou Lavini de Castro, uma das autoras de “Educação Antirracista”. Confira!
Em 2020, o mundo foi abalado pelo assassinato de George Floyd, homem afro-americano de 46 anos, e uma das milhares de vítimas do racismo. O caso aconteceu nos Estados Unidos, e inspirou a criação e uma maior atuação de diversos movimentos ligados à causa antirracista pelo planeta.
Em meio ao conturbado cenário pandêmico e as diversas cenas brutais contra a população preta se espalhando, nasce o projeto “Ei, você, cara pálida”, uma cocriação de um grupo de pessoas buscando por mudanças, e que resultou na criação da obra “Educação Antirracista”, que apresenta dez histórias diferentes sobre famílias inter-raciais e suas vivências.
O site Aventuras na História conversou com uma das autoras do livro e Educadora Antirracista, Lavini de Castro sobre o tema. Lavini, que atua como professora há mais de 18 anos nas escolas públicas e particulares do estado do Rio de Janeiro, conta que, para ela, a colaboração para o desenvolvimento do livro foi importante para reunir as narrativas de sua vida pessoal e criar uma técnica que conduzisse estratégias pedagógicas para levar os alunos a uma reflexão:
Pude reunir nesta experiência escrita e narrativa os tantos anos de sala de aula em que observava o descaso ou a falta de pertencimetno, principalmente de alunos negros a respeito das histórias de resistência negra ou do valor da cultura afro-brasileira e entendia que precisava fazer mais do que só me incomodar. Eu precisava criar uma técnica de narrativa e condução de estratégias pedagógicas que provocasse nos alunos uma reflexão para o possível interesse de diálogo que fizesse com que todos, negros ou não negros, percebecem como o pensamento racista atua nos segregando.
O livro também conta com diversas reflexões sobre a miscigenação no Brasil, e desmistifica aa falsa ideia de harmonia entre raças no país, além de evidenciar o plano de branqueamento que se tinha para o cenário nacional pós-escravidão.
Em sala de aula percebo muitos alunos negros que não amam sua negritude. Isso porque o projeto de nossa sociedade no século XIX, através da teorias raciais, era embranquecer o Brasil, uma hora a miscigenação foi banida como algo de degradação e inferiorização social, outra hora a miscigenação foi abraçada como uma salvação para o desenvolvimento social, mas isso porque acreditava-se numa superioridade da raça branca como sendo ela a sobressair na mistura das raças. O que essa mentalidade gerou foi a interpretação da superioridade branca em detrimento daqueles que não se encaixavam no perfil branco de ser, disso aqueles que mais iam embranquecendo iam aprendendo que ser branco era bom e aceitável e a negritude foi ficando em último plano até ser esquecida, silenciada e marginalizada. Por isso que os elementos culturais negros são discriminados, um bom exemplo é a demonização da cultura religiosa de matriz afrobrasileira, não se têm um acolhimento de potencialidade criativa ao olhar tais visões de mundo, se interpreta como algo malígno.
Outro relato marcante na obra constata que, dentro da relação familiar, pessoas de origem ocidental e europeia recebiam um tratamento melhor do que membros negros da família. Além disso, a obra também reflete sobre a necessidade de pessoas pretas precisarem provar a sua relação parental, por não serem reconhecidas.
Além de Lavini de Castro, nomes como Caroline da Silva Pereira Santos, Cristiane Braga Ramos, Douglas Svobonas de Souza, Eliad Dias dos Santos, Flavio Augusto Ramos de Souza, Patrícia Carvalho Brito de Souza, Priscila dos Santos, Rodrigos dos Passos Faria e Yasmin Almeida Rêgo fazem parte do coletivo de autores responsáveis pelo desenvolvimento do livro.
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