Em um triste episódio, o local foi usado pelos alemães como armadilha para enviar vítimas judias para os campos de concentração
Inaugurado em 1808 e localizado em Varsóvia, na Polônia, o Hotel Polski era muito frequentado por judeus, até que em 1943 foi utilizado por soldados nazistas para atrair suas vítimas e posteriormente enviá-las a força para os campos de concentração.
Em meados de 1941, duas organizações judaicas da Suíça junto com diplomatas poloneses, trabalharam em conjunto para enviar documentos ao gueto de Varsóvia, com o objetivo de ajudar judeus a saírem da Polônia ocupada. Entretanto, em muitos casos, os destinatários já haviam sido mortos quando os passaportes e identidades chegavam ao país. Acredita-se, ainda, que muitos desses documentos foram interceptados pela Gestapo.
Já em maio de 1943 o gueto de Varsóvia foi brutalmente atacado pelas forças nazistas, no entanto, milhares de judeus conseguiram sobreviver. Com o intuito de matar os sobreviventes, os nazistas criaram um plano para atrair as vítimas.
Utilizando documentos falsos e de judeus mortos, os alemães espalharam o boato que era possível deixar o governo geral, utilizando novas identidades. Os documentos foram vendidos por valores altos no Hotel Royal, e posteriormente no Hotel Polski. Sem saber do plano dos nazistas, muitos judeus compraram os documentos forjados por eles.
Nesta mesma época, o Hotel Polski tornou-se um local de encontro para judeus que sonhavam em deixar o país ocupado pelos nazistas. Embora o underground polonês tenha alertado que pudesse ser uma emboscada, mais de 2.500 vítimas saíram de seus esconderijos e partiram em direção ao Hotel Polski.
Em 21 de maio de 1943, os inquilinos judeus do Hotel Polski foram transferidos pelas autoridades nazistas para Vittel, uma cidade-resort na França invadida pelos soldados alemães. Posteriormente, as vítimas foram enviadas a força para o campo de concentração de Bergen-Belsen na Alemanha.
Em 15 de julho de 1943, 420 judeus que permaneceram no edifício foram executados na prisão de Pawiak. Em setembro daquele mesmo ano, os nazistas afirmaram que a maioria dos passaportes e identidades foram forjadas por eles, portanto, ao invés dos judeus serem transferidos para países da América do Sul — assim como o plano inicial de 1941 — os nazistas se aproveitaram dessa ideia para enganar e matar mais de 2.500 judeus, entre maio e outubro de 1943.
Entre as vítimas do Hotel Polski estavam o ilustre poeta Itzhak Katzenelson, o romancista iídiche Yehoshua Perle e o líder da resistência judaica Menachem Kirszenbaum. Além disso, acredita-se que a dançarina polonesa Franceska Mann também esteja entre as vítimas. Outros judeus que possuíam documentos palestinos foram trocados por alemães presos na Palestina.
Em 1944, durante a Revolta de Varsóvia, as estruturas do edifício foram danificadas durante os combates. Já em 1965, após o fim da Segunda Guerra Mundial, o local foi inscrito no registro polonês como patrimônio cultural.
Atualmente, há um monumento no local em comemoração aos combates ocorridos no Hotel Polski, durante a Revolta de Varsóvia e há uma placa, ainda, em homenagem aos judeus poloneses, que foi instaurada no edifício em 2013, como símbolo de resistência a este período opressor da História da humanidade.