Acusado por um crime que tinha provas, no mínimo, circunstanciais, o jovem foi condenado à cadeira elétrica. No dia de sua pena, no entanto, algo diferente aconteceu
Em uma noite de maio de 1946, o Capitão Ephie Foster e o oficial Vincent Venezia, de uma prisão de Louisiana, nos Estados Unidos, estavam tomando algumas bebidas para relaxar. Isso porque, no dia seguinte, eles teriam que executar um suposto criminoso.
Tratava-se de Willie Francis, um jovem negro de 17 anos, condenado pelo assassinato do farmacêutico Andrew Thomas. Os agentes não esperavam, no entanto, que aqueles copos inocentes fariam com que as coisas saíssem muito do planejado.
No dia de sua execução, Willie não esperava por qualquer outra saída diferente da que o sistema havia escolhido para ele. Assim, quando viu um dos oficiais caminhando até a alavanca da cadeira elétrica, o jovem apenas fechou os olhos. Mas algo aconteceu.
Um crime misterioso
A morte de Andrew Thomas chocou toda a cidade de St. Martinville, em Luisiana, quando aconteceu. O homem, afinal, era um dos farmacêutico mais famosos da região. A pressão da população para que a polícia encontrasse o culpado, então, era intensa.
Sendo assim, quando dois meses do homicídio se passaram sem quaisquer pistas, o xerife da cidade, EL Resweber, exigiu que algum homem fosse preso pelo crime. Duas semanas depois, o Chefe da Polícia de Port Arthur tinha seu suspeito: Willie Francis.
Na mesma época das investigações, o jovem de 17 anos tinha sido detido por suposto envolvimento com o tráfico de drogas. O nome de Willie, no entanto, não pôde ser conectado com os traficantes e, assim, ele tornou-se a isca perfeita.
Justiça vendada
Mais tarde, a Polícia de Port Arthur afirmou ter encontrado documentos Andrew entre os pertences de Francis. Assim, eles decidiram interrogar o garoto e, em questão de algumas horas, saíram com uma carta de confissão assinada pelo jovem.
Ainda que algumas das palavras parecessem esquisitas para serem escritas por um menino de 17 anos, Willie foi condenado. No dia do julgamento, nem mesmo os advogados do garoto pareciam interessados em defendê-lo.
Mais estranho ainda era o fato de que grande parte das pistas indicavam um deputado como o principal suspeito. A arma, o carro visto na cena do crime e a forma como o farmacêutico foi morto podiam provar claramente que o culpado não era Willie.
Misericordia dos céus
Independentemente das provas circunstanciais, o menino de 17 anos foi condenado à cadeira elétrica. Naquele dia 3 de maio de 1946, então, ele foi amarrado ao dispositivo. Em seus últimos momentos fechou os olhos, cerrou os punhos e esperou.
Ao invés do fim, no entanto, Willie sentiu uma dor excruciante passando pelo seu corpo. “Parecia que milhares de agulhas e alfinetes estavam me picando”, ele teria dito mais tarde. Sim, isso mesmo, o garoto sobreviveu à própria execução.
O caso do jovem rapidamente ganhou as primeiras páginas dos jornais. Para muitos, aquela era a prova, enviada diretamente de Deus, que Willie não poderia morrer. O adolescente, ao final das contas, havia sobrevivido à cadeira elétrica.
Sem saída
De repente, as pessoas estavam questionando o sistema prisional de Louisiana e a forma que o judicial tratava os afro-americanos. Ao mesmo tempo, tendo mais alguns dias para pensar, o pai de Willie conseguiu contratar um bom advogado.
Bertrand DeBlanc fez de tudo para tentar livrar o garoto de uma segunda execução. Mesmo quando teve seu pedido negado pelo Conselho de Perdão da Louisiana, ele levou o caso para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos.
Um dia depois do aniversário de 18 anos de Willie, o tribunal decidiu por sua execução por um voto de diferença. No dia 9 de maio de 1947, então, pouco mais de um ano depois de sua primeira execução, o jovem foi amarrado à cadeira elétrica novamente. Dessa vez, no entanto, o equipamento funcionou como tinha de funcionar.
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