O apelido Kit Gay foi dado pejorativamente ao material “Escola sem Homofobia”, desenvolvido pelo Ministério da Educação no ano de 2004. Entenda!
Durante reunião com Jair Bolsonaro nesta terça-feira (7), o ministro da educação Abraham Weintraub elogiou o trabalho realizado por sua pasta, em especial o programa “Conta para Mim” lançado em dezembro de 2019, que estimula a leitura em ambiente familiar. Segundo o ministro, o programa buscaria “valorizar o papel da família com as crianças pequenas nesses primeiros momentos. Sai o kit gay e entra a leitura em família”.
Uma história mal contada
Pejorativamente chamado de kit gay pelo governo Bolsonaro, o material “Escola sem Homofobia” é fruto de um programa de combate ao preconceito e violência contra a população LGBT lançado em 2004 pelo Governo Federal e pelo Ministério da Educação, denominado “Brasil sem Homofobia”.
O material foi elaborado por meio de um convênio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e seria distribuído a escolas de todo o país. Entretanto, em 2011, quando estava pronto para ser enviado a professores e educadores, o conteúdo foi barrado por setores conservadores do Congresso Nacional, sob alegação de que ele estimulava “o homossexualismo e a promiscuidade".
O projeto foi suspenso, e o 1,9 milhão de reais investido pareceu em vão. Quatro anos depois, em 2015, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) que esteve envolvida na elaboração divulgou o Caderno com instruções ao professor, um dos elementos do kit “Escola sem Homofobia”.
"Acreditamos na relevância do material para garantir o respeito à diversidade nas escolas e queremos dar retorno à sociedade, já que dinheiro público foi investido", afirmou a ABGLT ao site Nova Escola na época de publicação do caderno.
O material “Escola sem Homofobia”
Com 123 páginas, o caderno é composto por textos de formação pedagógica sobre temas como desigualdade entre homens e mulheres, luta pela cidadania LGBT, homofobia na escola e diversidade sexual. E seu público alvo não seriam crianças de seis anos, como afirmou o presidente Bolsonaro em sua campanha, mas professores e educadores.
Além dos textos de formação, também são oferecidas opções de dinâmica em sala de aula, como a ficha “Discutindo silêncios”, que tem como objetivo “perceber situações de homofobia que se costuma não enxergar” e “Lição de antipreconceito”, que procura “sensibilizar estudantes a perceber o quanto certas brincadeiras podem ser interpretadas ou sentidas de formas diferentes pelas pessoas”.
O caderno, que viria acompanhado de boletins e vídeos educativos, pode ser baixado aqui.
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