"O que existe de melhor em mim eu devo a ela", disse o ex-presidente americano sobre sua progenitora, Stanley Ann Dunham
Numa época em que um relacionamento entre um branco e um negro ainda era visto com muito mais preconceito, Stanley Ann Dunham deixou a paixão falar mais alto e passou a se relacionar com o primeiro estudante negro que frequentou a Universidade do Havaí. Os dois se conheceram numa aula de russo, em 1960, e pouco tempo depois se casaram.
À medida que a união se tornara um elo cada vez mais forte, eles deram um novo e importante passo em conjunto em suas vidas: seriam pais. Assim, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama II veio ao mundo.
Pouco tempo depois, seus pais se divorciaram e o garoto ficou sob tutela da mãe, então solteira, que foi uma de suas maiores inspirações para se tornar aquilo que sempre acreditou poder ser: o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América.
Mãe solteira
Para muitos, Ann Dunham era apenas a mãe branca de Barack Obama. Já em seu livro, ele a descreve, em muitos momentos, como “a mãe solteira”. Mas Stanley era mais do que isso. Ela foi mais importante e influente do que muitos imaginam.
Antropóloga de formação, escreveu uma dissertação de 800 páginas sobre os ferreiros camponeses de Java, principal ilha da Indonésia. Além disso, Ann Dunham trabalhou na Fundação Ford e defendia com unhas e dentes o trabalho da mulher, sendo responsável, também, por ajudar a implementar um programa de micro-crédito aos pobres daquela região.
No país asiático, bem longe de seu estado natal, o Kansas, nos Estados Unidos, ela criou o costume de acordar o jovem Barack às 4 horas manhã, para que o garoto pudesse fazer os cursos de inglês por correspondência antes que fosse para a escola.
Além disso, sempre levava para casa os discos de Mahalia Jackson e lhe ensinava os discursos de Martin Luther King Jr.
Os avós
Filha de um casal do Kansas, Stanley Ann recebeu o mesmo nome de seu pai, que havia nascido em uma base militar durante a Segunda Guerra. O desejo do avô de Obama era de ter um filho homem, com isso não aconteceu, ele passou a alcunha para a filha.
A família da moça se mudou, ao longo dos anos, para diversos estados, se estabelecendo em Honolulu, no Havaí, em 1960. Foi estudando na universidade de lá, inclusive, que Ann Dunham conheceu Barack Obama, um estudante negro que tinha vindo do Quênia. No ano seguinte, Stanley engravidou dele, quando ainda tinha 19 anos. A relação, porém, durou pouco.
Em 1963, Obama partiu para Havard, deixando para trás sua esposa e seu filho, com quem encontraria apenas mais uma vez em vida antes de falecer em um acidente fatal de automóvel, em 1982.
Pouco depois da separação, sua mãe conheceu Lolo Soetoro, estudante da indonésia. Quando Lolo foi convocado para voltar para casa, em 1966, depois dos tumultos que resultaram na ascensão política de Suharto, Stanley e o pequeno Barack o acompanham até o país asiático.
Pode até parecer, mas, para muitos, a escolha da moça em partir para um outro continente não foi uma escolha tão surpreendente assim. “Ela tinha uma visão ampla de mundo, mesmo quando garotinha. Ela acreditava em acolher as diferenças, ao invés de seguir a visão etnocêntrica de excluir quem quer que fosse diferente dela. Era nessa direção que sua mente a levava”, diz Susan Black, antiga amiga de Dunham.
Na década de 1970, seu segundo casamento também terminou. Enquanto Soetoro queria ter mais filhos — juntos eles tiveram Maya Soetoro-Ng, nove anos mais nova que Barack —, Stanley queria trabalhar. Assim, em 1974, ela volta para Honolulu.
Em sua terra natal, Barack conseguiu uma bolsa de estudos na renomada escola preparatória de Punhahou. Três anos depois, sua mãe decidiu voltar para a Indonésia, mas, desta vez, Obama decide não acompanhá-la.
“Eu duvidei do que a Indonésia teria a me oferecer e não queria ser novo mais uma vez”, escreveu em seu livro de memórias. “Mais do que isso, eu tinha feito um acordo tácito com meus avós: eu moraria com eles e eles me deixariam em paz contanto que eu mantivesse meus problemas só pra mim”.
A distância
Durante esse tempo separado do filho, ela travou uma luta interior muito grande para se manter feliz longe da cria e ainda conseguir enviar dinheiro para se manter nos EUA.
“Mesmo que tenha sido doloroso ficar separada dele pelos próximos quatro anos de colegial, ela reconheceu que isso talvez tenha sido a melhor cosia para ele. E ela teve que ira para a Indonésia na época”, diz Maya em entrevista que foi repercutida pelo G1.
A distância, durante esses anos, foi extremamente difícil para os dois. Mesmo assim, eles permaneceram unidos, conversando através de cartas, com todas as missivas de Barack acompanhadas por desenhos que ele mesmo fazia.
Dentro de seu círculo social, em conversas que Stanley puxava, seu primeiro assunto era sempre seu filho.
Tempos depois, ela e Maya se mudam para Yogyakarta, o centro do artesanato javanês. Foi por lá, inclusive, que Ann Dunham se inspira para escrever sua tese de doutorado, a qual apresentou em 1992.
Em Java, ela se tornou consultora da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA, ao implementar um programa de crédito para os nativos. Depois, atuou como representante do programa da Fundação Ford especializado em trabalho feminino.
Mais tarde, Stanley passou a exercer o cargo de consultora no Paquistão, onde, junto ao banco mais antigo da Indonésia, iniciou um trabalho que ela descreve como “o maior programa de microfinanças autossustentáveis do mundo, criando serviços como crédito e poupança para os pobres”.
Em 1995, aos 52 anos, pouco depois de ter retornado a Honolulu, Stanley Ann DunhamSoetero morre em decorrência de um câncer no ovário. Sobre a intensidade de sua vida, Maya diz: “Essa era sua filosofia de vida — não ficar limitada pelo medo causado por definições estreitas, não se cercar de muros e fazer o máximo para encontrar comunhão e beleza em lugares inesperados”.
“Eu sei que ela era a mais gentil, o espírito mais generoso que já conheci e o que existe de melhor em mim eu devo a ela”, complementa Obama em seu livro ao dizer a importância que sua mãe teve em sua vida e escolhas.
“Eu creio que se eu soubesse que ela não iria sobreviver à doença, eu escreveria um livro diferente — menos meditação sobre o pai ausente, mais celebração da mãe que era a única coisa constante me minha vida”, conclui.
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