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Matérias / Personagem

Shandra Woworuntu, a analista aliciada pelo tráfico humano nos Estados Unidos

Antes trabalhando em um banco, a garota foi forçada a trabalhar como meretriz após cair em uma proposta falsa de emprego

Wallacy Ferrari Publicado em 17/05/2020, às 12h00

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Shandra Woworuntu em foto recente (à esq.) e em foto na época que foi escravizada (à dir.) - Divulgação
Shandra Woworuntu em foto recente (à esq.) e em foto na época que foi escravizada (à dir.) - Divulgação

Shandra Woworuntu encaminhava sua vida profissional conforme as oportunidades apareciam em seu país natal. Com habilidades em línguas, a jovem falava indonésio, japonês e inglês. Além da educação aperfeiçoada, havia conseguido um emprego de analista em um banco internacional na Indonésia durante a segunda metade da década de 1990, após se formar em finanças.

Os planos pareciam perfeitos para a construção de sua família até a crise financeira asiática, em 1998. Na época com uma filha de três anos, a jovem perdeu seu emprego e buscou reaver a renda da família com os classificados em jornais. Entre diversas propostas, uma vaga para trabalhar em hotéis em outros países pareceu a mais vantajosa para garantir a segurança financeira durante a criação da filha.

A vaga, oferecendo empregos nos Estados Unidos, Singapura, China e Japão, orientava o candidato a ter o mínimo de compreensão da língua estrangeira. Shandra optou pela vaga estadunidense e realizou uma bateria de testes durante o processo seletivo. Após todos as etapas, a analista foi selecionada para a vaga, tendo o valor da viagem cobrada pela agência.

Foto de Shandra quando ainda trabalhava no banco internacional / Crédito: Divulgação

A revelação da mentira

Ao chegar no aeroporto, Shandra foi recepcionada por um americano apresentado pela agência como Johnny. O homem recolheu seus documentos e a orientou a entrar em um carro junto de três outras garotas asiáticas. Após duas trocas de veículos, a terceira solicitação foi acompanhada de uma ameaça à mão armada, orientando as moças a entrarem em silêncio em um carro com os vidros envelopados.

Conduzidas para uma casa no bairro do Brooklyn, o quarto motorista as levou para a casa aos gritos de ‘mama-san’ — expressão japonesa para cafetina — onde ficaram alojadas até a noite, quando mais homens surgiram, obrigando as jovens a fazer sexo. Depois, Shandra foi separada das outras e levada para Chicago.

Por lá ficou ao longo dos meses sendo obrigada a realizar atos sexuais e usar drogas com traficantes. Os homens que a raptaram afirmaram que a mesma tinha uma dívida de US$ 30 mil e que essa dívida diminuiria US$ 100 a cada programa feito, sendo levada para bordéis e motéis pela organização criminosa.

O cárcere

Além de ser obrigada a ficar 24 horas por dia sem roupas, as moças raptadas tentavam dormir o mínimo de tempo possível. Shandra relatou que, além da violência física sofrida pelos cafetões, que alegavam que ela deveria estar disponível aos clientes, poderia acordar sendo estuprada, sem contabilizar o tal valor da dívida.

Shandra em fotografia onde foi obrigada a fazer pose com outras garotas raptadas / Crédito: Divulgação

Em suas tentativas de fuga, chegou a confeccionar uma corda com lençóis e sua roupa ao ser colocada em um quarto de janelas abertas, mas desistiu ao ver que a altura da corda não alcançaria o chão. Após conhecer uma outra prostituta em um dos bordéis, recebeu um cartão com o número de um homem que poderia ajudar. Ao ligar, ele buscou contratar o serviço da moça junto com uma outra garota, de 15 anos.

Ao encontra-las, abrigou as moças em um hotel e cuidou por semanas, levando roupas e comida, porém, tentou forçar relações sexuais com as jovens, revelando que apenas se tratava de outro traficante. Com a situação ainda mais complicada, podendo causar uma briga entre as facções, Shandra teve finalmente a oportunidade para escapar.

A fuga

Ao retornar para o cárcere, conseguiu sair da vista de seu acompanhante e fugiu para a delegacia mais próxima. Após abordar três policiais, Shandra contou a história em inglês, porém, não foi atendida, sendo orientada a buscar ajuda no consulado da Indonésia, que não pôde oferecer abrigo. A esperança surgiu ao contar a história para um marinheiro em um parque de Williamsburg.

Após ouvir a história, o homem orientou a jovem a retornar no dia seguinte para a delegacia acompanhada por ele. O convite foi aceito e Shandra acabou descobrindo que o rapaz tinha realizado ligações para o FBI buscando ajudar. A polícia local havia sido informada da história pela unidade federal e convocou a jovem para depor.

Na mesma semana, uma operação foi feita com a ajuda da moça, resgatando dezenas de garotas no local onde a analista viveu.  Shandra optou por continuar nos EUA até o fim do julgamento, buscando auxiliar as autoridades. Em 2004, ela conseguiu trazer a filha para o país e recebeu o direito de morar permanentemente em 2009. No ano de 2015, foi convidada pelo presidente Barack Obama para compor o Conselho Consultivo para o Tráfico de Pessoas dos EUA.


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