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Matérias / Chapecoense

"Sempre recordaremos": Há 7 anos acontecia o acidente com voo da Chapecoense

Na madrugada de 29 de setembro de 2016, delegação da equipe catarinense sofreu um acidente aéreo enquanto viajava para a Colômbia

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 28/11/2020, às 00h00 - Atualizado em 29/11/2023, às 12h01

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Tropas da Aeronáutica carregam o caixão de uma das vítimas no estádio Arena Conda - Getty Images
Tropas da Aeronáutica carregam o caixão de uma das vítimas no estádio Arena Conda - Getty Images

Danilo; Gimenez, Marcelo, Felipe Machado, Alan Ruschel; Matheus Biteco, Sérgio Manoel, Cléber SantanaTiaguinho; Bruno Rangel e Lucas Gomes. Foram esse os onze jogadores da Chapecoense que o técnico Caio Júnior escalou para o duelo da 37ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2016, contra o Palmeiras, em 27 de novembro. 

Na ocasião, o alviverde paulista venceu o confronto por 1x0 e voltou a ser campeão brasileiro após um jejum de 22 anos. Apesar do revés, o time catarinense não se abateu. Estavam todos ansiosos para o próximo jogo da equipe.  

Momento em que Anderson Daronco apita o fim do jogo entre Palmeiras e Chapecoense / Crédito: Reprodução/Vídeo

No dia 30, a Chape jogaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra os colombianos do Atlético Nacional. O confronto estava marcado para acontecer no Estádio Atanasio Girardot, na Colômbia. A volta seria no Couto Pereira, estádio do Coritiba.  

Porém, o que unem palmeirenses, chapecoenses e atleticanos é uma simples palavra: saudades. Hoje, 29 de novembro acidente aéreo com a delegação da equipe catarinense completa exatos sete anos. 

"Vamo, Vamo Chapeeee..."

Fundada em maio de 1973, a Chapecoense era considerada uma equipe em ascensão. Apesar do investimento menor que grandes equipes do futebol brasileiro, a gestão do time e a raça e determinação dos jogadores fizeram a equipe conquistar diversos acessos de divisões menores do campeonato brasileiro até chegarem à elite nacional em 2013.

Em poucos anos, a Chapecoense saiu de uma terceira divisão para jogar seu primeiro campeonato internacional: a Copa Sul-Americana de 2015. Na ocasião, o time chegou até as quartas-de-final, quando perdeu para o poderosíssimo River Plate. 

No jogo de ida, no Monumental de Nuñez, na Argentina, sob forte pressão de 55 mil torcedores, a equipe catarinense acabou perdendo de 3x1. Na partida seguinte, no entanto, eles venceram por 2x1. Apesar da vitória, o placar agregado de 4x3 desclassificou os Guerreiros de Condá, como eram conhecidos. Mesmo assim, o time recebeu inúmeros elogios não só da imprensa brasileira como também da argentina.  

No coração do brasileiro

Apesar da eliminação, o resultado não foi de todo o mal, afinal, o time passava cada vez mais a disputar grandes partidas. Na edição da Sul-Americana do ano seguinte, a equipe começou tropeçando, mas logo embalou e ganhou a torcida de todo o Brasil.  

Depois de eliminar o Cuiabá, o time catarinense despachou os argentinos do Independiente; o Júnior Barranquilla (do Equador); e o San Lorenzo, outra equipe argentina. Esse último duelo foi considerado um dos mais emocionantes da história da Chapecoense

No jogo de ida, os catarinenses seguraram o ímpeto dos argentinos e arrancaram um empate por 1x1. Já na Arena Condá, o time empatou por 0x0, se classificando para final por não sofrer gol jogando em casa. 

A partida foi marcada por uma incrível defesa do goleiro Danilo, que salvou um chute a queima roupa com o pé direito, aos 48 minutos do segundo tempo, no último lance da partida. A Chapecoense disputaria sua primeira final internacional. 

O acidente

Além do feito, a Chapecoense já havia conquistado outra coisa muito importante: a simpatia dos torcedores de outros times. Não havia quem não se encantasse pela história do clube e torcesse para que a equipe se sagrasse campeã. 

No entanto, a alegria e expectativa com os Guerreiros de Condá logo viraram lágrimas. Logo após a partida contra o Palmeiras, a equipe saiu da capital paulista e foi até o aeroporto de Guarulhos. 

De lá, eles embarcariam para Santa Cruz de la Sierra a bordo do voo comercial LaMia 2933, de uma companhia boliviana. Porém, às 21h58, do horário local (às 2h58 do horário de Brasília do dia 29 de setembro, há exatos 7 anos), a aeronave caiu próximo a região chamada de Cerro El Gordo, cerca do aeroporto de Rionegro.  

A aeronave transportava 77 pessoas, entre atletas, equipe técnica, diretores do time, jornalistas e convidados. Entre eles, apenas seis sobreviveram: os jogadores Alan Ruschel, Jakson Follmann e Neto; o jornalista Rafael Henzel; e os tripulantes Erwin Tumiri e Ximena Suarez

Local da queda da aeronave / Crédito: Wikimedia commons

Segundo as investigações, o acidente ocorreu devido a uma pane seca — o que ocorre quando falta combustível nos tanques para serem bombeados aos motores, fazendo com que eles parassem. Isso teria ocorrido por conta da aeronave viajar com uma quantidade contada de combustível.

A autonomia da aeronave era para voar 3 mil quilômetros, enquanto o trajeto tinha 2.975, tendo uma margem de apenas 25 quilômetros — o que é considerado baixo para qualquer voo.   

"Sempre recordaremos"

Com o acidente, os jogos da final da Sul-Americana foram cancelados. Mesmo assim no dia 30 de novembro, quando o primeiro jogo estava marcado para acontecer, torcedores lotaram o Atanasio Girardot e a Arena Condá para prestar homenagens às vítimas do desastre.  

No horário do jogo, a Fox Spots, do Brasil, que transmitiria o duelo, entrou em silêncio e deixou toda sua tela de transmissão preta, como sinal de luto, mostrando apenas a hashtag #90minutosdesilencio e um cronômetro marcando o tempo de jogo. O mesmo aconteceu no Couto Pereira, em 7 de dezembro.  

Antes disso, no dia 5, dirigentes da Conmebol se reuniram com membros do Atlético Nacional e da Chapecoense e declararam a equipe catarinense como campeã da Sul-Americana de 2016.  

Na Colômbia, além das condolências, os torcedores do Atlético Nacional começaram a cantar uma música que logo se transformaria em um hino em homenagem às vítimas. "Que escutem, de todo o continente, sempre recordaremos a campeã Chapecoense". 

Além das homenagens entre as duas equipes, diversos outros times do mundo também mandaram mensagens de apoio aos jogadores. Até mesmo um jogo entre Barcelona e Chapecoense foi marcado para acontecer no Camp Nou, estádio do time catalão.

Após o acidente, Alan Ruschel voltou a jogar futebol. Neto até que tentou, mas os médicos optaram por sua aposentadoria dos gramados. Já Jackson Follmann teve uma de suas pernas amputadas e atua desde 2017 como embaixador da Chapecoense.

O jornalista Rafael Henzel voltou a trabalhar e comentar jogos da Chape, no entanto, em 29 de março de 2019, ele sofreu um infarto jogando uma partida de futebol com os amigos. Ximena Suárez completou um novo treinamento e voltou a ser comissária. Erwin Tumiri é piloto particular na Bolívia e está estudando para ser piloto comercial.