Na Noruega, durante a Segunda Guerra Mundial, pescadores criaram um peculiar ato de resistência contra o nazismo
Assim como vários outros países da Europa, a Noruega também sofreu com a invasão da Alemanha. Os nazistas ocuparam o país em abril de 1940 e só saíram de lá no final da guerra, em 1945.
A resistência civil norueguesa foi forte. Estudantes universitários, trabalhadores e membros da Igreja se juntaram para reforçar a defesa do país diante dos avanços de Hitler.
Aconteceu na Noruega o que normalmente acontece numa sociedade contrariada: greves, protestos populares e aparecimento de jornais clandestinos. Um pequeno ato de resistência dos pescadores do país, no entanto, foi um pouco diferente.
"No início de 1941, o centro do poder nazista em Oslo, capital norueguesa, decretou que toda sardinha pescada na costa do país deveria ser entregue aos alemães. Os pescadores, que dependiam da venda da sardinha para se sustentar, ficaram revoltados com a ordem, mas não tinham opção a não ser entregar o peixe. Mas havia uma dúvida no ar: o que os nazistas fariam com tanta sardinha?", questiona Otavio Cohen, autor do livro História Bizarra da Segunda Guerra Mundial (editora Planeta).
Segundo o pesquisador, um membro da resistência infiltrado no quartel-general alemão descobriu a resposta: todo peixe confiscado pela Alemanha seguia para a França, onde ficava uma base de submarinos nazistas que navegavam pelas águas do Atlântico. Ou seja, o produto da pesca de sardinhas da Noruega alimentava os tripulantes dos submarinos da Kriegsmarine.
Foi aí que alguém teve a brilhante ideia de aproveitar a oportunidade para organizar um protesto pacífico contra a Alemanha nazista. A resistência norueguesa entrou em contato com os britânicos pelo rádio e fez um pedido inusitado: Londres deveria enviar para a Noruega todos os barris de óleo de cróton que conseguisse", conta.
O cróton é uma planta da mesma família da mamona. Uma vez que o carregamento chegou ao país escandinavo dentro de tonéis de combustível, os pescadores trataram logo de besuntar as sardinhas com o óleo. A supervisão nazista nem estranhou. Passar óleo no peixe é uma prática comum, pois ajuda a conservá-lo melhor.
"Mas o óleo de cróton é um pouquinho diferente: assim como o de rícino, produzido a partir da mamona, ele tem efeito laxante", diz Otavio em sua publicação, mas ressalta: "não há registros se o plano dos noruegueses deu certo".
Se deu, porém, é possível que os nazistas jamais tenham admitido que a tripulação dos submarinos foi acometida por uma severa e misteriosa diarreia.