No ano de 1962, Dwight entrou para o programa de treinamento de aeronautas e tornou-se uma grande estrela; mas, ao contrário das expectativas, ele jamais foi à Lua
Era a década de 1960 e o mundo estava dividido entre aqueles que apoiavam os EUA e aqueles que estavam com a URSS. Em meio à enorme disputa, os americanos consideraram importante mostrar o quão avançados eram e o quão boa era a sua democracia. Para isso, era necessário levar uma pessoa não branca ao espaço.
Segundo uma matério do O Globo, a ideia foi apresentada por Edward R. Murrow, então diretor da Agência de Informações dos Estados Unidos, ao presidente Kennedyno ano de 1972. Este, por sua vez, comunicou seu vice, Lyndon B. Johnson.
Na época, o assessor de Johnson, chamado George Reedy, declarou: "Não pode haver dúvida do tremendo valor para os Estados Unidos de ter um negro como astronauta em um voo espacial".
Contudo, considerou que era preciso “descartar a ideia de que a NASA poderia apenas encontrar um negro, agarrá-lo, e fazer dele um candidato a astronauta”. Era preciso encontrar alguém preparado para desempenhar a função.
A escolha final foi Ed Dwight, formado em aeronáutica pela Universidade do Estado do Arizona. Ele havia se alistado na Força Aérea no ano de 1953, onde rapidamente subiu de hierarquia, tornando-se primeiro tenente.
Assim, quando os instrutores estavam ausentes, era ele quem ministrava as aulas de treinamento de instrumentos. Além disso, seu currículo ainda contava com cursos de engenharia eletrônica e cálculo.
Certa vez, um tenente-coronel disse que a “agressividade de Dwight, aliada à sua capacidade ilimitada" o colocava "em categoria excelente para um jovem oficial”. Um outro superior também declarou que "não hesitaria em nomear o tenente Dwight para me representar ou para representar as Força Aérea como profissional de relações públicas”.
E foi assim que Ed entrou para o programa de treinamento de astronautas em Edwards. Além disso, passou a realizar uma série de palestras em escolas de todo o país para incentivar crianças negras a estudar o que quisessem, fosse engenharia, matemática ou qualquer outra áerea. Ele era a prova de que, por mais que uma sociedade racista dissesse o contrário, um negro poderia ser até mesmo um astronauta.
Contudo desde o primeiro dia de Dwight em Edwards, o coronel Yeager deixou claro que ele não era bem-vindo. O jovem soube, por meio de um colega, de uma fala do superior aos demais integrantes: "Podemos tirá-lo daqui em seis meses. Nós podemos quebrá-lo”, teria dito o homem.
Mas além das falas de seu superior, o astronauta ainda teve de lidar com o racismo quando chegava nos estabelecimentos comerciais. Era comum que, durante as viagens de treinamento garçons se recusassem a servi-lo e que as reservas em hotéis sumissem. Por outro lado, também o fato de ser famoso e, ao contrário de seus colegas, ter de realizar entrevistas, o atrapalhava.
Segundo Ed, toda semana, Yeager o chamava em seu escritório e dizia: "Você está pronto para desistir? Isso é demais para você e você vai se matar, garoto”.
Mas ele não desistiu e conseguiu o certificado que precisava para ser finalmente um astronauta.
Contudo, quando chegou o dia de anunciar os 14 selecionados para o grupo de astronautas que iriam à Lua, em outubro de 1963, Ed não estava na lista, mas manteve as esperanças de ser chamado na seleção seguinte, em 1965.
Entretanto, com a morte do presidente Kennedyno dia 22 de novembro de 1963, seu sonho foi interrompido, já que todo apoio que ele tinha de repente desapareceu. Em 1966, o homem que era a grande promessa para ser o primeiro astronauta negro a pisar na Lua se aposentou.
A Nasa, no entanto, jamais explicou o motivo de Dwight não ter sido convocado.
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