No dia 13 de abril de 1912 — um dia antes da colisão do RMS Titanic com um iceberg —, Alexander Oscar Holverson escreveu uma das mais importantes cartas salvas no naufrágio
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 11/03/2023, às 17h00 - Atualizado em 14/04/2023, às 10h14
Era 23h40 do dia 14 de abril de 1912 quando o RMS Titanic, na época o maior navio de passageiros do mundo, que ganhou a fama de "inafundável", colidiu contra um iceberg ao sul da ilha de Newfoundland, no Canadá, tendo afundado completamente nas frias águas do Atlântico Norte às 2h20 da manhã do dia 15 de abril de 1912. Com a tragédia, pelo menos 1.500 pessoas morreram e, com isso, tiveram suas histórias interrompidas.
Todavia, desde a redescoberta da embarcação naufragada, em 1985, diversos itens que afundaram junto do navio também puderam ser encontrados. Porém, antes disso, uma curiosa carta foi achada dentro do caderno de bolso de um dos passageiros a bordo do RMS Titanic, depois de ele já ter afundado e morrido.
Alexander Oscar Holverson era um vendedor a bordo do RMS Titanic na primeira classe. Embora seja conhecido principalmente pela famosa carta que escrevera pouco antes do naufrágio, também foi considerado um herói por alguns, incluindo sua esposa, que foi colocada por em um bote salva-vidas e convencida a deixá-lo para trás.
Durante boa parte de sua infância, Holverson viveu no Condado de Douglas, nos Estados Unidos, tendo chegado lá junto de seus pais, Sr. Amos Holverson e Sra. Rachel Holloque Holverson. Quando mais velho, trabalhou para uma empresa de roupas, tendo depois continuado com o negócio mesmo se mudando para Boston, de acordo com o site do Douglas County Historial Society.
Em 1912, ele trabalhava para a empresa Cluett-Peabody da cidade de Nova York, que estava abrindo novas estações de distribuição na América do Sul. Holverson e a esposa, Mary Aline Holverson, já estavam realizando uma grande viagem antes de embarcarem no Titanic: partindo de Nova York, a dupla passou pelo Panamá, Buenos Aires, Londres, e rumava de volta a Nova York quando a tragédia marítima aconteceu.
De acordo com um artigo do Alexandria Post News, na madrugada de 14 para 15 de abril de 1912, quando houve a colisão com o iceberg, Alexander estava dormindo profundamente, mas Mary estava acordada. Ela, que teria sentido a colisão, então acordou o marido e pediu para que ele fosse saber o que estava acontecendo.
A tripulação disse a Alexander que não havia perigo e que voltasse para a cama. No entanto, quando ele voltou para o quarto, ele disse a Mary para se vestir e eles rapidamente seguiram para o convés, onde os botes salva-vidas estavam sendo baixados.
Uma vez no convés, Alexanderdisse a sua esposa: "você entra em um barco". Inicialmente, Mary recusou, não aceitando a ideia de deixar o marido para trás. "Não posso ir agora. Só as mulheres agora. Eu venho mais tarde", respondeu, ainda, Alexander.
Mesmo assim, Mary recusou a partir sem o marido, mas ele a pegou e colocou-a por conta própria em um desses botes, garantindo à esposa que voltaria com um barco posterior.
Eventualmente, porém, os restos mortais de Alexander foram recuperados pelo navio a vapor Mackay-Bennett e levados para Halifax, Nova Escócia, e depois para a cidade de Nova York, onde Mary estava esperando. O enterro foi organizado no Cemitério Woodlawn, no Bronx.
Quando seu corpo foi recuperado, uma carta manchada de água que havia sido escrita para sua mãe foi encontrada em seu caderno de bolso. Ele pretendia enviar a carta somente quando chegasse a Nova York, tendo inclusive escrito que "se tudo correr bem, chegaremos a Nova York na quarta-feira pela manhã."
Nela também descreve que o RMS Titanic era "gigante em tamanho, equipado como um hotel palaciano", com excelente comida e bebida. A carta logo foi devolvida à sua família e, em 2017, chegou a ser leiloada por impressionantes US$ 166 mil.
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