Um dos momentos mais icônicos do filme sul-coreano vencedor do Oscar teve inspiração em uma história da vida real
O filme sul-coreano “Parasita” fez história no cinema mundial ao retratar uma família que vive na pobreza e encontra uma oportunidade de conseguir emprego na base de muitas mentiras contadas pelos seus integrantes.
Dirigido pelo cineasta Bong Joon-ho, o longa-metragem chama a atenção especialmente por conter uma crítica social ao sistema capitalista e pela forma como a família é tratada como “parasita”, quando, na verdade, os sanguessugas da sociedade seriam outros.
Além de vencer o prêmio Palma de Ouro, “Parasita” também conquistou uma indicação ao Oscar, maior prêmio da indústria cinematográfica e realizou um enorme feito ao se tornar a primeira produção estrangeira, ou seja, não dos Estados Unidos, a vencer como Melhor Filme.
Levando o troféu da mais importante da noite, o filme também recebeu o maior número de estatuetas da premiação em 2020 e se estabeleceu como um dos mais importantes daquele ano, continuando a ser relembrado por sua importância.
Desde o lançamento do longa-metragem, os fãs passaram a questionar o diretor sobre muitas das cenas icônicas assistidas, que conquistaram a crítica e o público com suas viradas muitas vezes tragicômicas.
Um dos momentos mais marcantes do filme foi quando a família decide aplicar um golpe na antiga governanta da casa para conseguir mais um emprego na residência dos ricos moradores, em uma série de mentiras contadas por eles.
A mulher tinha alergia aos “pelos” da casca do pêssego, o que faz com que os protagonistas da história decidam usar a fruta para convencer a dona da casa de que a governanta tem tuberculose.
Quando a moradora da mansão chega em casa e vê a outra tendo uma crise alérgica, além de observar um papel higiênico repleto do que pensou ser sangue, que na verdade era ketchup estrategicamente colocado pela família principal, ela é logo demitida da função.
Essa cena, porém, não surgiu sozinha na cabeça de Bong Joon-ho. O diretor relembrou um evento real de sua vida para colocá-lo no filme, durante uma sessão de perguntas e respostas da plataforma do Reddit, em que fãs podiam perguntar qualquer coisa, noticiada pela Rolling Stone Brasil em 2020.
“Um dos meus amigos da faculdade tinha uma alergia a pêssegos. Eu e todos os outros colegas achávamos que ele estava brincando, então compramos um pêssego para jogar nele. O corpo dele ficou todo vermelho quando fizemos isso”, contou Joon-Ho.
O cineasta lembra que a cena foi marcante para ele na época, o que fica claro quando percebemos que algo parecido foi colocado na produção vencedora do Oscar muitos anos depois.
Foi chocante e todos nós nos sentimos péssimos”, confessou Joon-Ho, que acrescentou: “Mas não fui eu quem jogou o pêssego! Não fui eu!”
A revelação da inspiração por trás da cena do pêssego, que veio de uma história de um amigo pessoal, também fez com que internautas percebessem que a fruta está presente em outras produções do cineasta.
Os pêssegos podem ser vistos em outro filme de Joon-Ho, como “Memórias de um Assassino” (2003). Outra referência que parece ser importante para o sul-coreano é a figura da pedra, mostrada em “Mother - A Busca pela Verdade (2009)”.