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Matérias / Prince

O dia em que Prince detonou os Beatles: 'Demoníaco'

Uma decisão artística tomada pelos três beatles restantes após a morte de John Lennon não agradou Prince, que fez duras críticas

Redação Publicado em 26/06/2022, às 13h00

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Os Beatles e Prince, respectivamente - Getty Images
Os Beatles e Prince, respectivamente - Getty Images

O mundo não imaginou que perderia um dos maiores músicos de todos os tempos em 8 de dezembro de 1980, há quase 42 anos, quando o dito fã dos Beatles, Mark Chapman, se aproximou do seu ídolo John Lennon na porta do Edifício Dakota, na cidade de Nova York.

Sob o pedido de que o artista autografasse seu álbum “Double Fantasy”, o admirador aproveitou a oportunidade para chegar perto de um dos fundadores da banda, que atendeu ao seu pedido, assim como de muitos outros fãs, acompanhado da esposa, Yoko Ono.

Autografo dado por Lennon ao disco de Chapman horas antes do assassinato / Crédito: Divulgação / Goldin Auctions

Tudo aconteceu na saída do apartamento do beatle enquanto ele o deixava para uma sessão de gravação no Record Plant Studios. Quando voltou, Chapman ainda estava lá, gritou em sua direção e disparou. Três dos projéteis atingiram e mataram Lennon.

A história trágica de como os Beatles foram de quatro para apenas três todos conhecem. Ainda assim, o grupo precisou seguir em frente anos depois e, mais de uma década após o triste assassinato de John, decidiram gravar um disco com uma demo contendo sua voz.

Embora juntar todos os integrantes da banda novamente possa ter parecido uma boa ideia para os músicos e para muitos fãs, que sentiam falta da harmonia que somente todos eles juntos podiam proporcionar, o conceito não foi tão bem visto por outro artista famoso da época.

Prince foi uma das pessoas que mais criticou o projeto, intitulado “Live at the BBC”, lançado em 30 de novembro de 1994 pela gravadora Parlophone. Para o músico, o que os Beatles fizeram ao inserir a voz de Lennon nas músicas foi “demoníaco”.

Uma demo ‘demoníaca’

A morte de John Lennon havia completado 14 anos quando os três Beatles restantes decidiram se unir novamente para gravar um álbum que contaria com versões ao vivo de músicas amadas pelo público, canções raras e outras cortadas.

Para compor grande parte delas com os vocais do artista que faltava, os músicos contaram com uma demo entregue pela viúva de Lennon, Yoko Ono. Eles tocariam os instrumentos a partir da voz do parceiro.

Em uma entrevista, repercutida pelo jornal britânico Express UK, Prince explicou porque não gostou da ideia e como aquilo nunca aconteceria com ele:

"O que fizeram com aquela música dos Beatles ['Free As a Bird'], manipulando a voz de John Lennon para tê-lo cantando do túmulo... Isso nunca acontecerá comigo”.

"Não consigo pensar em nada tão demoníaco. Tudo é como deve ser. Se fosse para eu tocar com Duke Ellington [compositor de jazz e pianista], nós teríamos vivido na mesma época", justificou o cantor.

Prince considerava a noção de realidade virtual como “demoníaca” e, para evitar que pudessem usar sua voz em trabalhos artísticos sem sua permissão, preferia manter todo o controle artístico nas próprias mãos, segundo a Rolling Stone Brasil.

As declarações feitas pelo artista chegaram aos Beatles na época, que rebateram as críticas do colega de ofício. Tanto Paul McCartney quanto Ringo Starr, por exemplo, defenderam a escolha da banda em usar os vocais do falecido colega.

McCartney explicou que “nunca tinha ouvido [as demos] antes, mas [Yoko Ono] explicou como eram populares com os fãs de John”, o que justificou o uso da voz nas músicas para o projeto.

Já para Ringo, usar as demos foi simplesmente a “rota mais fácil”, pois a banda não contava com outras opções para regravar as famosas músicas que já haviam sido gravadas com a voz de Lennon.

"Éramos quatro Beatles, e sobraram três. Fizemos algumas músicas por acaso, fomos para tocar instrumentos e ver o que acontecia. Depois, decidimos tentar canções novas, mas era difícil, pois as músicas eram individuais, não eram dos Beatles”, disse.