Frequentada por diversas personalidades, a boate, aberta por um austríaco, foi um grande marco do Rio de Janeiro no começo dos anos 50
Na década de 50, a agitada noite carioca tinha na Boate Vogue seu fervoroso epicentro. Localizada na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, a casa e Max Stuckart, o Barão, um austríaco que veio ao Brasil fugindo da Segunda Guerra Mundial, foi aberta em 1946 e funcionou como o mais badalado ponto de encontro da noite do Rio de Janeiro por uma década, quando foi destruída por um incêndio.
O local era frequentado pela alta sociedade. Na então capital brasileira, as principais atrações trazidas por Stuckart eram, geralmente, internacionais, como os cantores de Jazz dos Estados Unidos, além do som do piano do turco Sacha Rubin, as iguarias do russo Gregori Belinzanski — que, segundo consta, foi o responsável pela introdução de pratos como o strogonoff e o frango à Kiev na nossa culinária — e a cantoria sensual da francesa Patachou.
Por dez anos, os figurões de diversas compareceram à Vogue como beatos à missa. Lá, informações eram adquiridas, negócios eram realizados ou os boêmios apenas confabulavam entre si. A casa noturna era hype antes mesmo do hype ser inventado.
Nomes como Vinicius de Moraes, Inesita Barroso, Aracy de Almeida, Bernardo Vargas (irmão do ex-presidente Getúlio Vargas) eram presenças garantidas. Porém, tudo acabou na tarde de 14 de agosto de 1956, quando o pequeno edifício pegou fogo por causas desconhecidas.
Cinco pessoas morreram no trágico episódio. Duas delas, o jornalista Raul Martins e o jovem cantor americano Warren Hayes, sem escapatória, preferiram o suicídio a serem consumidos pelas chamas.
Em 1960, apenas quatro anos depois, Juscelino Kubitschek inaugurou Brasília, sua jóia da coroa, mudando o foco político para o cerrado. O Rio de Janeiro perdia parte de sua influência e, apesar de ainda ter dado o canto do cisne com a Bossa Nova, a chamada Era de Ouro da noite carioca, tal qual sua mais famosa boate, virou cinzas.