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Matérias / Crimes

Há exatos 166 anos, Manuel da Mota Coqueiro era enforcado após julgamento controverso

Dono de terras foi condenado à morte após ser acusado de cruel assassinato — entretanto, caso é considerado um dos maiores erros judiciais do Brasil

Pamela Malva / Atualizado por Fabio Previdelli Publicado em 06/03/2021, às 08h00

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Gravura da execução de Mota Coqueiro - Divulgação
Gravura da execução de Mota Coqueiro - Divulgação

Um dos donos de terras mais conhecidos em Campo Dos Goytacazes, em meados do século 19, Manuel da Mota Coqueiro era casado com Úrsula das Virgens. Para se ter noção da riqueza dos dois, só sua mulher era proprietária de cinco fazendas em Macaé.  

Apesar de serem tratados como senhores ricos, os dois jamais foram considerados os mais importantes da região. Em comemorações, por exemplo, o casal ficava em salões secundários, enquanto a elite ocupava as salas de maior prestígio. 

Tanto é que, em certa ocasião, chegaram a serem convidados para um jantar do Imperador Dom Pedro II — motivo pelo qual ficaram muito honrados, conforme explica Carlos Marchi no livro "Fera de Macabu, a história e o romance de um condenado à morte".

Porém, o que fez com que o casal jamais saísse da história foi um controverso caso que ocorrera cinco anos depois do jantar.

Gravura de Mota Coqueiro / Crédito: Wikimedia Commons

Na ocasião, em 6 de março de 1855, há exatos 166 anos, Mota Coqueiro, que já tratado como “A fera de Macabu”, foi enforcado após ser condenado por um crime que pode não ter cometido. Ainda hoje, o caso é considerado um dos maiores erros judiciais do Brasil, como aponta o site da prefeitura de Macaé. 

Nada popular

Durante toda sua vida, Mota Coqueiro fez diversos inimigos. O primeiro deles, seu primo Julião Batista Coqueiro, o detestava porque, quando jovens, Mota se casou com a então noiva de Julião enquanto o primo foi estudar em uma cidade longe de Macaé. A história foi dramatizada em episódio do Linha Direta de 2003. 

Mais tarde, quando já tinha suas próprias terras, Mota Coqueiro teve um caso com a filha de Francisco Benedito da Silva. Em resposta, o homem começou a fazer diversas exigências para Mota, gerando diversos conflitos entre as duas famílias.

Trecho da Rua Presidente Sodré, em Macaé, no Rio de Janeiro, em meados do século 20 / Crédito: Wikimedia Commons


Eventualmente, o dono das terras, que fazia de tudo para esconder o caso de Úrsula, expulsou Francisco, a filha e toda a família da fazenda. Sem ter para onde ir, eles acabaram encontrando uma casa para morar — a dois quilômetros de Mota.

Um crime revoltante

Em 1852, um episódio trágico amedrontou a população de Macaé. No meio de uma noite chuvosa, Francisco Benedito, sua esposa, e os seis filhos — três filhos adolescentes e três crianças — foram mortos num show de horror que envolveu golpes com facões, conforma explica o site Jus.

A única que conseguiu escapar da chacina foi Francisca, a jovem que engravidou de Mota. Mesmo estando durante a gestação, ela vagou pela floresta por dois dias até que encontrou um fazendeiro disposto a ajudar.

Imagem meramente ilustrativa de cabana pegando fogo / Crédito: Divulgação/Pixabay


Quando o crime foi levado para as autoridades de Macaé, Julião fez questão de apontar os dedos para Mota. Dessa forma, mesmo que ele estivesse em uma reunião de negócios no dia, o dono de terras foi acusado de comandar o massacre.

Suspeitos e acusados

Durante as investigações dos assassinatos, diversos escravos e trabalhadores livres das fazendas de Mota Coqueiro foram presos, como Florentino da Silva, Faustino Pereira e Domingos. O senhor, por sua vez, fugiu logo no começo das acusações.

Tendo desaparecido na manhã seguinte ao crime, Mota Coqueiro foi encontrado apenas um mês mais tarde. Sem demora, ele foi levado para seu julgamento, processo que demorou mais do que o esperado, já que as testemunhas eram escravizados.

Naquela época, devido ao Código de Processo Criminal de 1832, que foi revisado em 1841, um escravo não poderia testemunhar contra seu senhor. Assim, muitas das testemunhas do caso foram desconsideradas, conforme explica Marchi.

Culpado da chacina

O caso de Mota Coqueiro rapidamente tomou conta do local. Considerado um dono de terras abastado, ele começou a ser chamado de A Fera de Macabu, já que todos ficaram bastante revoltados com o crime covarde que ele supostamente encomendou.

Sob ameaças de linchamento, então, Mota foi até o tribunal no dia de seu julgamento. Carlos Marchi conta que, semanas antes, as roupas ensanguentadas das vítimas foram expostas nas ruas de Macaé, fazendo com que a população ficasse ainda mais raivosa.

O problema é que, durante todo o processo, as pessoas que testemunharam contra Mota tinham seus próprios problemas com o homem. Então muitos dos discursos eram baseados em boatos e fofocas da região — sem contar todo o rancor. E, para piorar, os empresários que negociavam com Mota no dia do crime não foram convocados.

Um criminoso condenado

Ao fim de todos os julgamentos exigidos por lei, Mota Coqueiro foi condenado à morte pelo assassinato da família de Francisco Benedito. Tendo negado a autoria do crime até o final, o dono de terras criou uma polêmica em Macaé.

Para muitos, Mota Coqueiro foi injustiçado, como expõem a obra "Motta Coqueiro ou A Pena" de Morte de José do Patrocínio — já que a investigação parecia ter sido, no mínimo, tendenciosa. Nenhuma das dúvidas, no entanto, foi o suficiente para livrar o pescoço do condenado. Assim, no dia 6 de março de 1855, há exatos 166 anos, ele foi enforcado.

Morta um ano depois do assassinato do marido, Úrsula das Virgens chegou a ser considerada a mandante do crime, mas nada nunca foi comprovado. Assim, o caso de Mota Coqueiro é considerado um dos maiores erros judiciais do Brasil.


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