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Matérias / Nicolau Copérnico

A história por trás do túmulo perdido de Nicolau Copérnico

Nicolau Copérnico, astrônomo que revolucionou a ciência ao propor que a Terra gira ao redor do Sol, teve seus restos mortais desaparecidos por séculos

Luiza Lopes Publicado em 04/08/2024, às 12h00 - Atualizado em 08/08/2024, às 18h36

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Retrato de Nicolau Copérnico - Getty Images
Retrato de Nicolau Copérnico - Getty Images

Nicolau Copérnico foi um astrônomo que revolucionou a ciência, ao propor que a Terra gira ao redor do Sol, contrariando a ideia de que nós éramos o centro do Universo. Nascido em 1473 em Toruń, Polônia, ele também foi matemático, engenheiro, autor, teórico econômico e médico.

Após o óbito de seu pai, o tio assumiu sua educação, e Copérnico estudou em Cracóvia e em universidades italianas. De volta à Polônia, trabalhou como médico e continuou suas pesquisas matemáticas, desenvolvendo teorias econômicas importantes, como a teoria quantitativa da moeda e a lei de Gresham.

Sua obra-prima, "De Revolutionibus Orbium Coelestium", publicada em 1543, pouco antes de seu óbito, desafiou o modelo geocêntrico ptolomaico, afirmando que a Terra e outros planetas giram ao redor do Sol.

Em artigo publicado no The Conversation, o historiador Darius von Guttner-Sporzynski, da Universidade Católica Australiana (Australian Catholic University Limited), explica que após sua morte, Copérnico foi enterrado na Catedral de Frombork, cujo local exato se perdeu por séculos. A catedral abriga mais de 100 sepulturas, a maioria sem nome.

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Catedral de Frombork. onde Copérnico foi enterrado / Crédito: Holger Weinant pelo Wikimedia Commons 

Túmulo perdido

Tentativas de localizar seus restos datam do século 16 e 17, incluindo o esforço fracassado de Napoleão, em 1807. Em 2005, arqueólogos poloneses, guiados pela teoria do historiador Jerzy Sikorski, que afirmava que o cientista estaria enterrado perto do Altar da Santa Cruz, onde ele serviu como cônego, iniciaram uma nova busca.

O historiador relembrou que treze esqueletos foram descobertos, incluindo o de um homem que tinha entre 60 e 70 anos, correspondente à idade do cientista na época de sua morte.

copérnico
Crânio que se acredita pertencer a Copérnico / Crédito: Divulgação/Centralne Laboratorium Kryminalistyczne Policji

Estudos forenses usaram o crânio para uma reconstrução facial e análises de DNA para identificar os restos. A análise foi possível devido ao estado bem preservado dos dentes, mas encontrar uma referência genética foi desafiador, pois, não havia material conhecido de parentes do astrônomo.

Em 2006, uma nova fonte de DNA foi descoberta em um livro astronômico, o Calendarium, usado por Copérnico, que continha cabelos entre suas páginas. Este livro estava no Museu Gustavianum na Universidade de Uppsala, na Suécia. 

Os fios foram comparados com o DNA dos dentes e ossos do esqueleto descoberto. Felizmente, tanto o DNA mitocondrial dos dentes, quanto a amostra esquelética, corresponderam aos cabelos, sugerindo fortemente que os restos eram de Copérnico.

"Se eles tentaram mais de um livro, não sabemos, mas no Calendarium eles localizaram 9 cabelos, dos quais 4 eram adequados para extrair DNA sob condições estéreis cuidadosamente controladas. Dois dos cabelos correspondem aos segmentos de DNA de um dente craniano bem preservado", escreveu Owen Gingerich, pesquisador e professor de astronomia e de história da ciência, no artigo "O mistério do túmulo de Copérnico".

Em 2008, o arqueólogo Jerzy Gassowski também destacou que a reconstrução facial, baseada no crânio encontrado, compartilha forte semelhanças com antigos retratos de Copérnico, que o mostram com um nariz torto e cicatriz sobre o olho.

A reconstrução facial (à esqu.) e retrato de Nicolau (à dir.) - Capt. Dariusz Zajdel M.A., Central Forensic Laboratory of the Polish Police

Como aponta Darius, a identificação foi resultado de um esforço multidisciplinar, envolvendo escavação arqueológica, estudos morfológicos e análise avançada de DNA.

Em maio de 2010, o cientista foi enterrado novamente na catedral de Frombork com cerimônia solene. A descoberta não só esclareceu o local de descanso final de Copérnico, uma figura influente na história da ciência, mas também destacou a sofisticação dos métodos científicos modernos na verificação de dados históricos.