Criada pelo pai, Kaidu, ela aprendeu desde muito cedo a lutar em batalhas, se tornando, em pouco tempo, uma das mais fortes aliadas do exército mongol da época
Por volta do ano 1280, o até então poderoso e unificado Império Mongol estava se fragmentando lentamente. Foi um período difícil, já que, ao invés de poupar forças para expandir fronteiras, os diversos Khans mongóis estavam lutando uns contra os outros.
Ao mesmo tempo, Kaidu, primo de Kublai Khan, se tornava um dos governantes mais poderosos do Império. Seu poder se estendia pela Ásia Central, desde a Mongólia, até o rio Amu Dária. O líder, ao contrário de Kublai, adotou um estilo de vida nômade, em homenagem aos seus antepassados.
Kaidu também foi um dos únicos governantes mongóis que se opuseram a Kublai Khan — fundador da dinastia Yuan — e seus aliados. Foi nesse período, entre guerras e conflitos, que Khutulun, filha de Kaidu, nasceu — por volta do ano 1260.
Também conhecida como Aiyurug, Khotol Tsagaan e Aigiarne — algo que pode ser lido como lua brilhando —, a menina cresceu no estilo de vida nômade de seu pai. Criada junto de seus 14 irmãos, ela recebia treinamentos em luta livre, equitação e arco e flecha.
Logo, Khutulun começou a se destacar nas artes da guerra. Assim, ela facilmente se tornou uma grande guerreira, reconhecida por suas proezas em combate. Segundo Marco Polo, uma das únicas fontes sobre a vida da jovem, ela tinha um valor inestimável no exército do pai.
Nesse sentido, era comum que Kaidu procurasse os conselhos de sua filha sobre assuntos militares. Ela era imbatível: entrava no meio da batalha, agarrava um guerreiro inimigo e o arrastava para sua própria área de combate, sempre com uma espada enorme em punho.
Jovem, forte, destemida e nobre, filha de um dos homens mais poderosos do império, Khutulun se tornou uma ótima pretendente em um piscar de olhos. Quando sua história passou a ser contada nas ruas, homens começaram a se enfileirar para pedir a mão da moça em sagrado matrimônio.
Ela, é claro, não iria aceitar se casar com tanta facilidade. Para Khutulun, era necessário que o pretendente perfeito a derrotasse no que ela fazia de melhor: na luta livre. Foi assim que a jovem derrotou cada um dos homens que entravam no palácio de Kaidu.
Através das vitórias, a guerreira conseguiu colecionar mais de 10 mil cavalos, todos conquistados ao derrotar os pretendentes. Certa vez, no entanto, um jovem príncipe apareceu. De berço nobre e com ótimos atributos para oferecer, ele logo conquistou a confiança de Kaidu.
Interessado em alianças e na forma como o príncipe se apresentava, o líder pediu que sua filha perdesse para o jovem de propósito. Khutulun recusou com veemência. Ela entrou naquela batalha com ainda mais destemor e derrotou o príncipe — para a tristeza de seu pai.
A admiração que Kaidu sentia por sua filha, todavia, não mudou, mesmo depois desse episódio. De acordo com Marco Polo, tamanha era a confiança do pai que, pouco antes dele morrer, em 1301, o líder mongol quis que Khutulun o sucedesse como governante.
Os familiares homens da guerreira, entretanto, não concordaram com a decisão de Kaidu. O governante, portanto, acabou sendo sucedido por um de seus outros filhos. Anos mais tarde, por volta de 1306, Khutulun morreu, aos 46 anos.
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