Há 59 anos, em uma reunião pacífica do movimento pró-independência de Moçambique, as autoridades portuguesas decidiram abrir fogo contra a população nativa
Em 16 de Junho de 1960, ocorreu um dos últimos confrontos entre portugueses e moçambicanos, antes do estouro das Guerras de Resistência e de Independência dos anos 1960 e 70. Trata-se do Massacre de Mueda, mais um entre as tragédias causadas pela exploração colonial na África.
Neste dia, houve uma reunião administrativa entre representantes do distrito de Mueda, no norte do território moçambicano, e o governo colonial, de sede portuguesa. No fim do evento, autoridades coloniais executaram a tiros diversos moçambicanos — número até hoje não contabilizado.
A reunião em questão teria sido uma exigência da MANU, a principal organização articulada pela independência do distrito e separação do território de Moçambique.
A MANU deixava claro nos textos que não havia uma razão clara e explícita para os disparos daquele dia. Acredita-se que se tratava-se de uma demonstração de poder entre as autoridades portuguesas, que fariam de tudo para impedir a movimentação pró-independência entre os moçambicanos de Mueda.
O evento foi de grande significado entre os moçambicanos, e foi um elemento relevante para o desenvolvimento, dois anos depois, da FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique. A gratuidade do caso e a sanguinolência portuguesa demonstrada no massacre foram centrais para a narrativa do movimento durante o início da Guerra.
Após a independência, a data 16 de junho se tornou muito importante no calendário oficial, passando a ser comemorada. Em 1980, por exemplo, a data foi estabelecida para a inauguração do metical, a moeda nacional em circulação no país.