O casal se conheceu por meio de um cupido, mudou as regras do cangaço e entrou para a história do Brasil
Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 25/02/2021, às 15h50 - Atualizado em 29/04/2022, às 08h00
O casal de cangaceiros Maria Bonita e Lampião é um dos mais conhecidos da história do Brasil, e não é à toa: os dois, junto do bando do mais importante cangaceiro, viajaram pelas mais diferentes regiões do nordeste brasileiro praticando o banditismo.
O relacionamento dos dois mudou algumas regras no cangaço: afinal, com Maria Bonita no grupo, agora havia uma mulher, o que não era permitido antes. Essa mudança acarretou o aumento das mulheres cangaceiras — mas nem tanto.
A Aventuras na História separou 5 fatos sobre o relacionamento de Lampião e Maria Bonita. Confira!
1. Cupido
Maria Bonita era casada quando conheceu Lampião. Ainda assim, ela mantinha uma paixonite pelo cangaceiro, principalmente quando o conheceu nas terras de seu pai no município de Paulo Afonso, ao norte da Bahia. O lugar-tenente do cangaceiro, chamado Luís Pedro, foi quem falou a Lampião sobre o sentimento de Maria.
Como contou Wagner G. Barreira, autor do livro Lampião e Maria Bonita: Uma história de amor entre balas (2018), em entrevista à AH, a primeira conversa dos dois foi sobre bordado. Ele pediu que ela bordasse alguns lenços de seda e voltou tempos depois para buscá-los. Assim, o cangaceiro passou a voltar mais vezes na residência de Maria para vê-la.
2. Ficar com Lampião
Com o bando de Lampião indo na fazenda do pai de Maria Bonita, ele passou a se incomodar com a polícia, que seguia os homens do cangaceiro. Foi então que ele decidiu que iria se mudar para Alagoas, com o intuito de ficar distante de Lampião e das autoridades que o perseguiam.
Mas sua filha não aceitou bem a decisão. Ela queria ficar com Lampião e seguir seu estilo de vida nômade e perigoso. Na época, o homem também já estava apaixonado por ela, mas, ainda assim, a mudança foi drástica, afinal, não existiam mulheres no cangaço antes de Maria.
3. Transformando o cangaço
A entrada de Maria Bonita para o cangaço fez com que outras mulheres também aderissem ao estilo de vida arriscado. Muitas delas foram sequestradas por outros homens do bando, sendo obrigadas a acompanhar o grupo. Ainda assim, algumas decidiram entrar para o bando, como a cangaceira.
Ainda assim, essa não foi uma transformação “revolucionária”. Barreira explica: “o cangaceiro não inventava um modelo, ele reproduzia os valores que tinha quando não era cangaceiro, de quando era criança, que aprendeu com os pais. E era uma sociedade bem machista”. As mulheres não participavam de conflitos nem tinham nenhuma função além de serem as “companheiras” dos cangaceiros.
4. Mulher do capitão
Maria Bonita não tinha nenhuma função diferente no bando de Lampião por ser a mulher do líder: ela também tinha como missão ser a companheira de Virgulino. Ainda assim, ela tinha algumas regalias por preencher esse papel.
Segundo o autor, “o papel dela era ser a mulher do chefe e com isso ela tinha o respeito de todos os cangaceiros, então ela brincava e barbarizava”. É possível dizer que ela provavelmente tinha mais liberdade entre as mulheres do bando, mas, ainda assim, não se destacava por nenhuma função.
5. Filha
Embora vivessem em uma realidade hostil e movimentada, os dois tiveram uma filha juntos, que ganhou o nome de Expedita. Eles não puderam ficar com a criança, que foi entregue a um vaqueiro no qual o casal confiava.
“A Expedita, que está viva, tem lembranças de visitas do pai e da mãe, que eram esparsas por eles estarem sempre em movimento. O contato foi realmente bem pequeno e ela soube que era filha do Lampião bem mais velha”, explicou Barreira.
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