Famoso administrador da Solução Final, o alemão foi capturado na Argentina pela Mossad e passou por mais de um ano de julgamento em Israel
O caso famoso de Adolf Eichmann é importante por uma série de características curiosas de sua atuação no regime nazista. Não sendo um sádico violento, com gosto pelo assassinato, ele era essencialmente um burocrata.
Agindo à disposição do governo em voga (com quem tinha afinidades, principalmente, porque era um radical antissemita), atuou em própria defesa, aceitando os termos da situação, e comandando do escritório a Solução Final, o extermínio dos judeus da Alemanha.
Por essa atuação, que foi essencialmente administrativa, Eichmann foi perseguido após o fim da guerra. Responsável direto pela morte de milhões, na chefia da Seção de Assuntos Judeus do Departamento de Segurança do Terceiro Reich, foi capturado em uma missão clandestina da Mossad (agência secreta de Israel) e julgado em Jerusalém.
Essa audiência, em território israelense, foi possível após anos de investigações por parte da Mossad, até que o alemão foi localizado no subúrbio da capital argentina Buenos Aires. Uma missão ultrassecreta foi encabeçada por Rafi Eitan e Isser Harel e conseguiu sequestrar o nazista enquanto ele voltava do trabalho para casa. Foi vendado e colocado num carro, sendo levado para Israel como prêmio.
Polêmica
Sua situação exigia grande reflexão: seus crimes não foram conduzidos por sadismo, mas por política, sua prisão foi essencialmente um revanchismo e seu julgamento já estava preparando antes mesmo de ocorrer. Era óbvio que o agente do genocídio seria condenado, e a atuação do governo israelense levantou grande polêmica.
O mundo voltou seus olhos para Jerusalém quando Israel começou o julgamento de Eichmann. Mais de 100 testemunhas foram ouvidas e milhares de páginas foram entregues como provas ou relatórios contra o réu. Porém a atuação do nazista surpreendeu a todos: esperando encontrar um monstruoso fanático, se depararam com um idoso careca com marcas da idade que, com pouca expressão, passava a ideia de quem só assinava papeis.
Relatórios indicaram que sua atuação no nazismo foi altamente subalterna e seu senso de responsabilidade era quase nulo, sem que tivesse grande iniciativa pessoal. Isso, claro, não redimiu seus crimes, afinal, numa posição de privilégio, ele nunca questionou as atuações genocidas governamentais.
Mas a reprodução em televisão de seu julgamento destruiu sua imagem como sanguinário e ideológico, fazendo com que diversos intelectuais compreendessem que não se tratava de um seguidor fanático de Hitler, mas um exemplo de como pessoas comuns podem ser catalizadoras de atrocidades pela aceitação política.
Eichmann conhecia o destino de seus prisioneiros e tinha consciência total do Holocausto, sendo responsável direto pela estruturação burocrática da Solução Final. Sem demonstrar arrependimento, com o argumento de que “só seguia ordens”, o alemão não teve misericórdias da Justiça Israelense, que, após capturá-lo na Argentina (usando o nome de Ricardo Klement) e levá-lo a julgamento, considerou-o culpado pelo sequestro, execução e perseguição de milhões.
Em Jerusalém
Eichmann foi mantido amarrado em uma cama por 11 dias e foi obrigado a assinar um documento legitimando seu julgamento (o que era, essencialmente, ilegal). Foi, então, mantido em uma cela de vigilância constante, onde escreveu suas memórias, focando na Segunda Guerra Mundial.
Durante um ano, o julgamento de Eichmann mobilizou diversas forças internacionais. Diante das acusações e com o sentimento de vitória dos judeus contra o algoz, o nazista foi finalmente condenado à morte em 1962. A execução teve início pouco antes da meia noite de 31 de maio, e Eichmann foi morto por enforcamento, tendo seu óbito oficializado na madrugada de 1 de junho de 1962.
A morte de Adolf Eichmann foi extremamente simbólica, representando a derrota dos nazistas fugitivos que se abrigaram, principalmente, na América do Sul, ao mesmo tempo em que significou um troféu de guerra dos israelenses, que tomaram para si a missão de caçar os responsáveis pelo genocídio alemão nos anos 1930 e 1940. Sua execução por enforcamento foi tema de diversas reflexões éticas e políticas, sendo a mais famosa delas divulgada no livro Eichmann em Jerusalém, de Hannah Arendt.
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