Há 35 anos, ocorria a primeira edição do festival que — ao longo dos anos — rendeu vaias a grandes artistas que não estão inseridos no gênero musical
Há exatos 35 anos, acontecia a primeira edição do festival Rock in Rio. Entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985, grandes atrações tocaram nos palcos do que viria a se tornar um dos maiores eventos musicais do Brasil e do mundo.
Queen, Iron Maiden, James Taylor, Al Jarreau, Rod Stewart, Scorpions, AC/DC, Ozzy Osbourne eram os principais artistas e bandas internacionais. Entre os brasileiros, estavam presentes nomes como Lulu Santos, Erasmo Carlos, Rita Lee, Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Gilberto Gil, Barão Vermelho, Elba Ramalho e Alceu Valença.
Mesmo que o nome pareça estar ligado ao gênero musical do “rock'n'roll”, o objetivo do empresário e o publicitário Roberto Medina, criador do Rock In Rio, não era focar apenas no ritmo. Isso pode ser observado até mesmo nos convidados da primeira edição — Gilberto Gil, por exemplo, não tem nada de rock e ainda sim fez vibrar o chão durante sua performance.
Segundo a filha de Medina, Roberta Medina, “a ideia inicial do Rock in Rio era que pessoas diferentes pudessem conviver em paz unidas pela música”. Ela comentou, em entrevista para a revista Veja, que o rock estaria ligado à atitude e ao revolucionário, não necessariamente ao estilo musical. “Queríamos ter muitas pessoas diferentes e a música virou ferramenta dessa mistura. O Rock in Rio uniu todos os estilos musicais”, conclui.
Outra pessoa que fala sobre essa constante associação ao gênero é Zé Ricardo, curador do palco Sunset do festival. Para ele, o público reage às escolhas dos artistas da mesma maneira que faz com a seleção brasileira.
“As opiniões mudam de dois em dois minutos. É muito parecido com futebol. Você anuncia uma banda e falam que é um horror. Depois anunciam outra e dizem que te amam”, compara Ricardo em entrevista ao G1. “As pessoas se apropriaram do Rock in Rio como se fosse uma seleção brasileira”, conclui.
Ainda assim, a questão do rock ainda prevalece nas discussões. “Sempre aparece alguém falando para mim ‘Que absurdo, cadê o rock?’. Mas nunca foi um festival só de rock”, admite. O também cantor e compositor relembra que no evento já tocaram artistas como Ivan Lins e Moraes Moreira, demonstrando a versatilidade do espetáculo.
Ainda assim, os atritos entre gêneros de música sempre fizeram parte da história do Rock in Rio. Entre o pop, rock e o axé music existem públicos diferentes que muitas vezes não conseguem conviver entre si ou curtir shows de artistas que não condizem com seus gostos.
Erasmo Carlos, por exemplo, foi duramente vaiado pelos fãs de rock durante sua apresentação. Mais tarde, o cantor contou em entrevista que, naquele momento, percebeu que nem todos amavam os músicos da Jovem Guarda. Anos depois, em 2001, Carlinhos Brown também sofreu com esse tipo de situação, mas com uma novidade: os fãs de rock começaram a jogar garrafas no palco enquanto ele tentava cantar.
Alguns dias depois, o artista deu uma entrevista para a imprensa falando sobre o show do dia 14 de janeiro. Ele disse que acreditava que o festival estava no caminho certo, misturando gêneros musicais e diferentes tipos de pessoas.
Na última edição do Rock In Rio, que aconteceu nos dias 27, 28 e 29 de setembro e 03, 04, 05 e 06 de outubro de 2019, o estilo musical do festival foi variado. Entre o rock de Raimundos, Bon Jovi e Scorpions, estavam também Drake, Ivete Sangalo e Anitta, por exemplo. O festival, assim, continua fazendo o que tinha em seu propósito logo na sua criação: juntar artistas e públicos diferentes, não apenas um único gênero musical.
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