O ex-deputado Talvane Albuquerque não aceitou derrota eleitoral e planejou emboscada
O período de eleições sempre é caracterizado por um grande clima de tensão em todo o país, visto os diferentes posicionamentos políticos e ideologias da população. Por isso, não é surpreendente observar notícias de agressões e até mesmo mortes provocadas após discussões e discordâncias políticas.
Porém, o que é um pouco menos usual de se ver pelas mídias é o caso da morte de um político, e muito menos a mando de um adversário. Apesar disso, casos assim ainda podem ser vistos, e acabam por chocar a população, ainda mais se considerando que todos os holofotes, no período eleitoral, ficam voltados justamente aos candidatos.
Tendo isso em mente, conheça um dos casos mais impactantes de assassinato de candidatos a cargos políticos do Brasil: o da deputada Ceci Cunha.
No dia 16 de novembro de 1998, a deputada federal Ceci Cunha e outras três pessoas — seu marido, Juvenal Cunha da Silva; seu cunhado, Iran Carlos Maranhão Pureza; e a mãe de Iran, Ítala Neyde Maranhão — foram assassinados a tiros.
No momento em que o crime aconteceu, eles realizavam uma comemoração na casa de Iran, já que Ceci seria diplomada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE-AL) no dia.
O crime foi planejado por ninguém menos que Talvane Albuquerque, candidato ao cargo de deputado federal pelo Alagoas no mesmo ano, e que não se conformou com a derrota eleitoral. A esperança do homem era de que o crime não fosse descoberto, para que então pudesse obter o cargo, visto que era o suplente — plano este que falhou.
De acordo com as investigações, como informado pelo g1, o primeiro alvo de Talvane Albuquerque seria o deputado federal Augusto Farias, mas ele acabou descobrindo o plano e frustrou toda a ação. Ceci Cunha, de acordo com a acusação, seria apenas um plano B.
Após o crime, Albuquerque até chegou a tomar posse da Câmara Federal, no início de 1999, mas em abril daquele ano foi cassado por decoro parlamentar. O caso, por sua vez, foi julgado somente em janeiro de 2012, e o mandante do crime foi condenado a 103 anos e quatro meses de reclusão como autor intelectual.
Além de Talvane Albuquerque, outros quatro homens foram condenados pelo crime contra Ceci Cunha e sua família: Jadielson Barbosa da Silva e José Alexandre dos Santos foram condenados a 105 anos; Alécio César Alves Vasco, a 86 anos e cinco meses; e Mendonça da Silva a 75 anos e sete meses.
Apesar da pena de mais de 100 anos, o ex-deputado Talvane Albuquerque, que foi preso em 2012, deixou o presídio em que estava após conseguir progressão de pena para o regime semiaberto por trabalhar como médico no sistema prisional, em outubro de 2021, na época com 64 anos.
Além disso, no mesmo ano ele também havia conseguido redução em sua pena para 92 anos e, nove meses e 27 dias, devido alegação de que o comportamento da vítima não contribuiu para o crime.