Além do acidente que vitimou Ayrton Senna, dois pilotos se acidentaram durante os treinos: Rubens Barrichello quebrou o nariz e Roland Ratzenberger foi outra vítima fatal
Em 1994, Ayrton Senna se preparava para mais uma temporada na Fórmula 1. Porém, aquela seria diferente de todas as outras. Já consagrado tricampeão da categoria, Senna queria mais, seu instinto era assim.
Naquele ano, o piloto brasileiro realizava um grande sonho: pilotar pela Williams. O carro era tão inovador que ele ainda o desejava enquanto estava na McLaren, segundo explica matéria do portal Grande Prêmio.
Sendo assim, a terceira corrida da temporada, o GP de San Marino, em Ímola, marcaria de vez seu início de temporada, como o próprio piloto afirmou, afinal, ele não havia terminado as outras duas corridas e faltavam apenas 14 provas para a temporada ser concluída. Porém, infelizmente, Ayrton Senna jamais chegaria ao fim da mesma.
Um presságio do que iria acontecer naquele final de semana começou logo na sexta-feira, durante a sessão de qualificação da tarde. Na ocasião, Rubens Barrichello, ainda em seu segundo ano na categoria, sofreu um impressionante acidente.
Comandando a Jordan nº14, Rubens passou por cima de uma zebra, voou da pista e se chocou com o topo de uma barreira de pneus na curva Variante Bessa. Apesar do susto, o piloto brasileiro sofreu só algumas escoriações e quebrou o nariz, conforme relembra matéria do Jornal do Brasil.
Se os ares da prova já haviam ficado pesados com o acidente de Barrichello, o clima ficou ainda pior no dia seguinte. Durante os treinos livres, austríaco Roland Ratzenberger, que corria pela Simtek, bateu violentamente na curva Villenueve.
Na volta anterior, Ratzenberger havia danificado a asa dianteira do seu carro e, posteriormente, a mesma se soltou, o fazendo perder o controle da Simtek, o que o fez bater violentamente em um muro.
Segundo o portal Grande Prêmio, o impacto causou uma fratura basal craniana no piloto, que foi levado às pressas até o Hospital Maggiore de Bolonha. Porém, oito minutos depois veio a notícia: ele estava morto. Essa foi a primeira morte de um piloto nos últimos nove anos da categoria, segundo o JB.
A perda teve uma enorme repercussão entre os pilotos, que cogitaram seriamente não correr naquele domingo, 1º de maio. Ideia essa que era corroborada por Sid Watkins, chefe da equipe médica da F1.
O Grande Prêmio aponta que o médico pediu a ajuda de Senna para cancelar a prova. Ele também revelou que o piloto brasileiro era um dos mais abalados com a morte do colega de profissão.
"Falei com ele (Senna) minutos antes da prova, o que achei estranho. Falamos de manhã e dez minutos antes de começar a corrida. E dez minutos antes das provas ele não falava com ninguém. Aquela corrida não era para ter acontecido", explicou Adriane Galisteu, ex-namorada de Senna, em entrevista ao UOL, em 2014. "O acidente do Rubinho e a morte do Ratzenberger tinham o atormentado. Eu me lembro de ter falado 'Ayrton, você é o único cara que pode não correr. Não corra'".
Apesar da tentativa, a corrida aconteceu. E logo em sua largada, mais um acidente. No grid, a Benetton de JJ Lehto não largou e o piloto Pedro Lamy, da Lotus, o atingiu em cheio na traseira. O impacto fez com que um pneu se soltasse, atravessasse a cerca que protegia a pista e atingisse 4 espectadores, conforme informou matéria da Folha de S. Paulo.
O acidente fez com que o safety-car ficasse na pista até o final da quarta volta. Na sexta volta, Senna, que havia conquistado a pole e era o líder da prova, havia alcançado o melhor tempo da corrida.
No início da volta seguinte, entretanto, ele perdeu o controle do carro, seguiu reto e bateu violentamente contra um muro na curva Tamburello.
O impacto foi tão forte que o carro de Senna rodou e quase retornou para a pista. Logo, a bandeira vermelha foi erguida e a equipe médica foi deslocada até o local do acidente. A espera de Ayrton por uma ajuda demorou longos dois minutos.
De longe, uma câmera de TV flagrou Senna mexendo levemente a cabeça. Naquela altura, o mundo todo respirava aliviado imaginando que aquilo seria um sinal de que estava tudo bem com o brasileiro. Mas estavam enganados.
O movimento havia sido causado por um profundo dano cerebral, conforme explica o Jornal do Brasil. Ainda na pista, Watkins constatou que o piloto havia perdido massa encefálica e realizou uma traqueostomia em Senna, que sofreu uma parada cardíaca, como aponta o Grande Prêmio.
Imediatamente, um helicóptero levou Ayrton até o Maggiore. Lá, ele recebeu uma transfusão sanguínea. Porém, poucas horas depois, sua morte cerebral foi anunciada.
“Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento”, declarou Watkins mais tarde, como mostra matéria da Gazeta Esportiva.
No carro de Senna, como mostra Andrew Longmore no livro ‘Ayrton Senna: The Last Hour’, foi encontrado uma bandeira da Áustria — que seria uma forma do piloto brasileiro homenagear Roland Ratzenberger.
"Naquele momento, ali pra mim, a porrada não tinha sido (visualmente) diferente das outras. Eu não tinha noção do que estava acontecendo. Quando voltei do banho, percebi que tinha algo errado. E quando eu vi aquela imagem me deu um negócio... pensei 'ele quebrou as pernas, por isso não sai do carro'. Em nenhum momento pensei que ele poderia ter morrido. Comecei a acompanhar e ver tudo o que estava acontecendo. Foi um momento muito duro", explicou Galisteu ao portal de notícias UOL, em 2014.
O sonho de Senna terminava após três corridas com seu carro dos sonhos. E na lembrança do brasileiro, e do todo fã de automobilismo, fica a memória de um dos maiores pilotos de todos os tempos.
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